domingo, 30 de maio de 2010

Os jovens e o extermínio da juventude negra




Por Maria José Cotrim

Todos os dias dezenas de jovens em todo o Brasil morrem não vítimas só das fatalidades mas também dos excessos da vida. Famílias são destruídas pelo álcool, pelas drogas e ainda pelas injustiças da vida.È bom falar de jovem, da juventude mas choca quando vemos nos noticiários casos cabulosos todos os dias envolvendo a morte dos jovens de nosso Brasil. A maioria negros.

Como militante do movimento de juventude ouvi relatos impressionantes de atentado á vida humana nos grandes centros. Negros mortos por serem negros. Negros mortos pela fragilidade do sistema. Dos fracos.

Quando integrei no movimento achei pesada a palavra “extermínio” quando resolvemos lançar a campanha nacional de proteção aos diretos da juventude negra. Hoje confesso que é esse mesmo o termo certo. Nossos jovens do Rio de Janeiro, de São Paulo e Minas estão sendo exterminados.

Mortos por engano, por estarem talvez no lugar errado na hora errada. Mortos pela sede de injustiça das falhas da justiça desse país. Ficam apenas os gritos desolados das famílias. Os sonhos, os planos,,todos se vão junto com a juventude.

Os jovens precisam mesmo ir às ruas, pedir justiça, lutar na garra pelo respeito à vida.O governo, a polícia, as Organizações governamentais: é preciso juntar forças antes que a criminalidade e a injustiça tomem conta dos grandes centros de nosso país. URGENTE!

Minha solidariedade aos familiares do companheiro JOSÉ FONSECA morto brutalmente numa troca de tiros neste domingo, 30, no Rio de Janeiro.Morto por uma bala perdida quando voltava de uma viagem.

Onde está o assassino? Até quando vão matar nossos jovens?

Indignada, Maria José Cotrim

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Assembleia é palco de discussões sobre Plano Nacional para ensino de História e Cultura Afro-Brasileira




Os representantes das secretarias de Educação e demais entidades ligadas à área, presentes à audiência pública, realizada na manhã desta quinta-feira, dia 27, no Plenarinho da Assembleia Legislativa, assinaram o Termo de Compromisso ao Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Etnorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena.

Para a deputada Solange Duailibe (PT), que presidiu a audiência, o evento foi uma vitória. “Mas é apenas o primeiro passo. Agora precisamos nos empenhar para dar continuidade ao trabalho. Considero muito importante a realização de audiências regionais, para que possamos levar a discussão a todos os municípios, o que pretendo fazer na qualidade de representante afro-brasileira desta Casa”, afirmou a parlamentar.

A reunião contou também com a participação do deputado Marcello Lelis (PV) que relacionou ao final as principais decisões tiradas do encontro: lutar pela regulamentação da lei em nível estadual; divulgar a abertura oferecida pelo Ministério da Educação que pode liberar recursos para a formação continuada de professores e para construção de escolas, principalmente em comunidades quilombolas; empenhar para aprovar dois projetos em andamento na Casa, ambos de autoria da deputada Solange, sendo um que cria o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial e o outro, o Fórum Permanente de Educação e Cultura Afro-Brasileira; fazer gestão nas esferas estadual e municipais pela criação de setores específicos para cuidar da questão racial, nos órgãos habilitados a tratar do assunto.(Dicom/AL - TO)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Fórum de Educação e Cultura Afro do Tocantins lança Plano Nacional de Educação das Relações Étno-Raciais



Nesta quinta, 27, a partir da 8 horas da manhã, o Fórum de Educação e Cultura Afro – Brasileira lançará o Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação da Relações Étnico Raciais no Tocantins em uma Audiência Pública na Assembléia Legislativa, esse evento já ocorreu em vários estados brasileiros.


O evento é articulado pelo Fórum, pelo Ministério Publico Federal, Assembléia Legislativa e SEDUC/TO e contará com a presença da Coordenadora da Diversidade do MEC, Leonor Franco Araújo, da Vice – Presidente da Assembléia Legislativa Solange Duailibe e demais deputados, da Secretária Estadual de Educação Suzana Salazar, do Procurador do Ministério Publico Federal Dr. Victor Mariz, da presidente da UNDIME/TO Josefa Maria Correia de Oliveira .


Foram convidados para o evento todos os secretários de educação dos 139 municípios do estado, o secretário de Educação de Palmas, profº. Danilo de Melo Souza deve compor a mesa representando os secretários municipais.

O evento ainda contará com a presença de diversas entidades do movimento social do Estado.


O Fórum


O Fórum Estadual Permanente de Educação e Cultura Afro-brasileira do Estado do Tocantins é uma entidade social apartidária, sem fins lucrativos, voltada para a articulação e definição de políticas públicas, comprometidas com a aplicabilidade da Lei nº 10. 639/2003 e 11.645/2008 e outros temas correlatos com a temática étnico-racial.

O Fórum se reúne mensalmente, e é composto por representantes do Governo Estadual e Municipal do Estado do Tocantins (SEDUC, SECIJU, SEMED/Palmas, Coordenação Da Mulher, Direitos Humanos e Equidades - COMUDHE ), das Instituições de Ensino da Educação Básica e Superior (ULBRA, NEAB/UFT, IFTO); órgãos e entidades públicas e privadas, em especial entidades do movimento negro ( GRUCONTO, Ayê-TO) demais entidades como SINTET, UNDIME, Centro de Educação Popular – CEP, MPF, etc e demais lideranças religiosas de matriz africana como a Mãe Magda que trabalham com educação, juventude, gênero, cultura e arte, com vistas à valorização da população negra do Estado.

O Plano

O Plano Nacional de implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação da Relações Étnico Raciais e para o Ensino de Historia e Cultura Afro-Brasileira e Africana – Lei 10.639/03. O Plano é resultado das solicitações advindas dos anseios regionais através de fóruns e seminários o tema foi debatido com educadores e com a sociedade.

O Plano tem como finalidade a institucionalização da implementação das relações étnico raciais, abarcando a questão indígena e afro-brasileira, maximizando assim a atuação dos diferentes atores (governos, sociedade civil, meios de comunicação) por meio da compreensão e do cumprimento das leis 10.639/03 ( Ensino de cultura afro-brasileira) e da lei 11.645/08 ( Ensino da cultura indígena).

O Plano não acrescenta nenhuma imposição as orientações contidas na legislação, antes busca sistematizar essa orientações, é também um documento pedagógico que orienta e baliza os sistemas de ensino e instituições de ensino de todos os níveis e modalidades.

O Fórum de Educação e Cultura Afro Brasileira tem a expectativa que junto com a SEPPIR, SECAD/MEC e de todos os parceiros envolvidos a constução deste Planos é que ele seja um instrumento para a construção de uma escola plural, democrática, de qualidade, que combata o preconceito, o racismo, a homofobia e todas as formas de discriminação, respeitando e valorizando as diferenças que fazem a riqueza de nossa cultura e de nossa sociedade.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Acelera Quilombolas!?




Por Maria José Cotrim

Uma boa notícia: representantes das 25 comunidades quilombolas do Estado e poder público vão discutir juntos de 28 a 31 de maio as demandas dos quilombos tocantinenses! II Encontro Quilombola que tem uma vasta programação. A injeção de ânimo que o movimento precisa para canalizar as demandas prioritárias dos remanescentes de quilombos.

Fiquei feliz quando soube que o encontro será em Natividade, berço dos quilombos do nosso Estado. Lugar que tem as marcas do povo negro na construção e assim se tornou uma das sete maravilhas do Brasil. É a hora de fazer acontecer!

Cinco secretarias envolvidas: Cidadania e Justiça, do Planejamento, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Itertins - Instituto de Terras do Tocantins, Fundação Cultural do Tocantins e ainda a Prefeitura de Natividade. O espaço estará aberto e será com certeza marcado por muita riqueza cultural.

No entanto me permito a fazer algumas perguntas que vou elencar causa/efeito.Primeiro: O governador vai estar presente na abertura? Não pelo ano eleitoral mas para dar seu recado, o que acha e pensa sobre as comunidades quilombolas do Estado. Não para pousar para fotos ao lado de lideranças negras e ativistas do movimento mas para dizer o que o governo tem feito para manter a integridade e preservar o legado cultural dos quilombos.

O governador esteve na região sudeste na Caravana. Passou por lá no seu ritmo acelerado e sugiro que volte para participar dessa discussão, ouvir as demandas. O que o governo elencou no seu “Planejamento estratégico de 30 anos” com relação ás políticas públicas de Igualdade Racial?O governador pretende também “Acelerar” a questão da Igualdade Racial? coisas que só ele mesmo é que tem que dizer!

Segunda pergunta: Qual será a participação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial ?Não para bancar o evento mas para averiguar a situação dos quilombos do Estado.

Sabemos que a Seppir é presente no Estado com seus programas sociais voltados para os quilombos, mas para esse evento o que o órgão gestor das Políticas Nacionais, o porta-voz do presidente Lula, tem para o Tocantins, um dos estados com maior quantidade de comunidades?

Outra questão: Como o movimento negro está pautando a causa das famílias quilombolas? Sim, porque são os líderes dos quilombos que vão falar da corriqueira falta de saneamento básico em algumas comunidades, da necessidade de eletrificação rural em algumas delas, vão falar ainda da assistência básica de saúde nas proximidades dos quilombos e é claro da titularidade das terras.

São sim 25 comunidades reconhecidas pela Fundação Palmares, como foi divulgado essa semana, mas a titularização das terras ainda é um dos maiores problemas dos quilombos. E eles vão dizer isso com certeza! Ainda está vivo na memória de muitos deles alguns episódios de desapropriação de derrubada de casas por causa da falta de titulação.

Aproveito para outra perguntinha básica: O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) vai estar lá?O Itertins já confirmou presença mas cadê o Incra? O órgão que está diretamente envolvido na questão fundiária dos quilombola obrigatoriamente precisa estar lá.

Dentre as perguntas que menciono nesse texto não pode faltar a presença política dos representantes do povo. Os deputados estaduais e federais. Eu sei que o encontro é voltado para os quilombolas mas eu creio que na amplitude da discussão não vai faltar espaço para cada um deles dizer das defesas em prol da Igualdade Racial nos espaços de poder em que circulam e atuam.Afinal são eles que aprovam as leis....

O ano é “favorável” para a presença deles mas arrisco que não estarão lá! Como vão dizer aos líderes quilombolas que não destinaram emendas para nenhuma comunidade? Alguns foram nessa de que quilombola não dá voto e esqueceram que assim como a particularidade dos municípios precisa ser respeitada a dos quilombos também. As 25 comunidades são também os municípios, são o Tocantins!

A dívida social não será com certeza resolvida nesse encontro. Mas a razão de minhas perguntas vou explicar. Não é implicância com um ou outro setor da sociedade é esperança. Sim...a oportunidade está aí!A programação contempla a diversidade e traz ainda um incremento que me chamou atenção: a qualificação profissional.

Não agüento aquele discurso medíocre de que a agricultura e a pecuária são as únicas fontes de sobrevivência nos quilombos. Quem trabalha diretamente com a terra e vive de forma comunitária não pode se limitar a isso. As oficinas são com certeza um grande passo para mudar esse impasse.

È no diálogo e na parceria que o Tocantins vai melhorar as condições do povo quilombola e assim preservar não só a cultura, mas a história viva do nosso país e nosso Estado que são com certeza negros na sua essência.

Sobre as Helenas e Benés da Globo e do Brasil...




Por Maria José Cotrim

Quantos atores negros atuaram na novela “Viver a Vida”? Tá bom vou facilitar: “Quantos protagonistas teve a novela que findou semana passada?” Última tentativa: “Qual foi a representatividade negra no horário nobre no elenco da novela Viver a Vida de Manuel Carlos?

Sem mais rodeios: foi negativa! Estou convencida disso com certeza. A impressão que tenho é que alguma coisa deu errado desde o início da novela e impediu que, pelo menos para mim, a participação dos atores negros fosse mais forte. A Helena de Manoel Carlos, Taís Araújo, foi alvo de muitos críticos da Televisão pela sua atuação. Cheguei a ver uma revista que tinha na capa: “Público pede a morte de Helena”.

Causou espanto ver a atuação da Taís: o que não casou foi o enredo que ela foi inserida. Sim! Quem não se lembra que as tradicionais Helenas do Maneco tinham em comum a personalidade forte, o espírito de liderança. Com a Taís não foi assim! Basta lembrar a cena que a Helena se ajoelhou para pedir perdão à Teresa, personagem de Lília Cabral, e foi agredida por ela.

Colocaram a Helena como “A MODELO Nº 1”da trama. Mas...alguém viu outras modelos negras nos desfiles da novela? Outros ícones da beleza negra nas passarelas? Em tempos que adotam “cotas nas passarelas” o espaço seria ideal para a discussão. A essência da personagem dividiu opiniões e seu protagonismo foi automaticamente “roubado” pela personagem de Aline Morais, a Luciana, que fez bonito na Telinha mostrando de forma profissional o dilema dos portadores de deficiência física.

Saindo da Taís e passando para o Bené, o namorado/marido complicado da irmã de Helena, a Sandrinha. Ele, da favela, enrolado nas entranhas sociais de quem vive/sobrevive nas favelas brasileiras entre a vida e a morte mas que demonstrou vontade de mudar. A mulher, o filho...a felicidade familiar que ele nem sabia que existia levou o Bené a mudar.

Na realidade isso não é diferente. Quantos Benés não mudam todos os dias? Mas não, na trama o fim dele foi morto com mais de três tiros. Assisti a cena enquanto comia um lanche. Coisa brutal! A morte do Bené mostrou uma abordagem negativa por parte do autor e talvez tenha sido a intenção. Não vou aqui travar debate sobre enredos de novelas mas arrisco dizer que o significado do personagem poderia sim ir mais além.

Na favela é assim mesmo: sobrevida! Mas na novela tudo poderia ter sido diferente. No mundo real existem cada vez mais Benés que descobrem que o mundo do crime vem acabando com as famílias e resolver sair dessa esfera. E essa superação precisa ser mostrada. Ninguém pode dizer que a Globo não aumentou a representatividade dos atores negros mas ninguém pode também dizer que a abordagem ainda não deixa a desejar.

Por trás de uma simples novela e personagens existe uma estratégia de comunicação. Porque não é só lendo livros que adquirimos conceitos, é ao consumir produtos midiáticos como as novelas que formamos muito conceitos e refletimos sobre questões sociais, mas é claro que depende dos detentores da “comunicação” escolher como usar este “instrumento de poder” como diz Muniz Sodré. Ainda precisamos com certeza de uma abertura mais coerente e satisfatória nos meios de comunicação. E não é só falar, dar espaço é de abordagem qualitativa que estou falando!

Concordo com o publicitário e diretor executivo do Instituto Mídia Étnica, Paulo Rogério que chama a atenção para a descolonização dos meios de comunicação para resgatar conceitos e valores presentes na cultura negra. Ele diz que as reflexões sobre racismo devem necessariamente pautar a concepção de TV pública no país. Mas quem decide são os “caras lá de cima”, os tais detentores do poder comunicacional. Aos telespectadores cabe rir, chorar ou trocar o canal!

BOM DIA!



O Negro em Debate começa a semana com novidades! Preparei pautas interessantes para debatermos essa semana. A partir de hoje nosso Blog é seu point diário de notícias e debate sobre Igualdade Racial. O Debate em Foco , um espaço de entrevistas será aberto amanhã com uma surpresa imperdível. Quer dicas de beleza, de moda, como cuidar do seu Black Power e tantas coisas mais? Porque não falarmos também, NE? No propósito de debater sobre Igualdade Racial através deste canal importante que é o Negro Em Debate, lá vamos nós impulsionar as ferramentas de comunicação em torno de uma temática tão polêmica ainda em nosso Estado e no país. Bora?

Frase da semana:

“Vivemos em um mundo de diferenças que devem ser tratadas com igualdade.”
Marcelo Feitosa Pereira

Um abraço a todos!

Maria José Cotrim

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Ministro Elói Ferreira defende aprovação do Estatuto da Igualdade Racial



"É preciso dar prosseguimento à obra de Joaquim Nabuco e de todos aqueles abolicionistas que largaram sua vida por esta causa", disse o ministro da Igualdade Racial, Elói Ferreira de Araújo, ao defender a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, o PLS 213/03, do senador Paulo Paim (PT-RS). O projeto foi aprovado pelo Senado em 2005 e remetido a Câmara. Em setembro do ano passado os deputados aprovaram um substitutivo com várias alterações ao texto original. A matéria voltou ao Senado e está pronta para ser votada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).


Durante a homenagem que o Senado prestou pelo transcurso do centenário da morte de Joaquim Nabuco, Elói Ferreira disse que, caso seja aprovado, o Estatuto da Igualdade Racial se transformará no principal diploma legal brasileiro desde que a Lei Áurea foi sancionada. O ministro opinou que, da mesma forma que lutou pela Lei Áurea - que completa 122 anos nesta quinta-feira (13) - Joaquim Nabuco, caso estivesse vivo, estaria trabalhando pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial.

- Essa Casa tem o desafio de dar à Nação esse diploma. O Estatuto da Igualdade Racial não é uma lei revolucionária, não é uma lei reformista. É um diploma de ação afirmativa. Seus dispositivos são ponto de partida para que o Brasil avance na sedimentação, na consolidação da democracia através da inclusão de todos. O estatuto é ponto de congraçamento e de conciliação. Da mesma forma que aprovou a Lei Áurea, esperamos que o Senado aprove agora o Estatuto da Igualdade Racial - afirmou o ministro Elói Ferreira.

Movimento negro quer explicações sobre assassinatos



Organizações do movimento negro devem protocolar um documento exigindo que o governador de São Paulo, Alberto Goldman, dê explicações sobre a série de assassinatos de jovens negros cometidos por policiais militares. Os movimentos fazem referência às mortes dos motoboys Eduardo Luis Pinheiro dos Santos, morto dentro de um quartel da Polícia Militar, e Alexandre Menezes dos Santos, assassinado por policiais diante da mãe na porta de casa, na capital paulista.



O integrante da Uneafro (União de Núcleos de Educação Popular para Negras(os) e Classe Trabalhadora), Douglas Belchior, explica o objetivo dos movimentos:



“Nós não vamos continuar morrendo sem fazer nada. Além da explicação pública, vamos exigir a punição [aos criminosos] e o posicionamento do governo em relação a essas arbitrariedades. A juventude e a população negra e pobre sofrem cotidianamente com a violência da polícia. Não tenha dúvida de que a ação da polícia é reflexo de um pensamento na sociedade brasileira, é reflexo do conservadorismo e do racismo.”



As organizações também querem explicações sobre a chacina na Baixada Santista em abril, que provocou a morte de 17 jovens, a maioria negros e sem antecedentes criminais.



A Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo abriu inquéritos policiais para investigar os assassinatos. Os movimentos negros, entretanto, não têm confiança nas apurações. Para Douglas, enquanto couber à polícia investigar a si mesma os crimes não serão apurados.



De janeiro a março deste ano, 146 pessoas foram assassinadas por policiais no estado de São Paulo. O número é 40% maior em relação ao mesmo período do ano passado.



De São Paulo, da Radioagência NP, Aline Scarso

sábado, 15 de maio de 2010

Ideologia....eu tenho uma para viver!




Por Maria José Cotrim

Saí da Bahia em 2006 quando vim estudar Jornalismo em Palmas. Nunca tinha morado fora de Casa. Mudanças que me propiciaram novos valores! No Centro Universitário de Palmas, mais mudanças! Das limitadas aulas no Colégio Estadual José Rocha até um espaço mais amplo e intenso de debates onde a leitura e o conhecimento foram fundamentais.

Nesses anos, mudanças e mudanças! De casa já até perdi as contas. Valores adquiridos a cada dia que propiciam a formação da minha identidade. Erros, acertos, sorrisos, choros, afetos...desafetos!

Porque como diz meu amigo escritor igaporãense Zuca Lins, é nesses desencontros que surgem muitos encontros na vida. Gente, o desafio de fazer jornalismo é diário e constante. Desde quinta-feira quando deixei a equipe do Site Roberta Tum ouvi maioria de meus amigos dizerem que sou muito nova para ser polêmica. Para fazer analogias políticas, para criticar ações políticas.

Concordo! Quando vim para Palmas também era nova apemas 18 anos. Na Ulbra faltava o mínimo de conhecimento. Eu nem sabia o que era pedra fundamental.Nas relações inter-pessoais, muita versatilidade, adequações...porque cada uma é construída conforme a compatibilidade das pessoas.

Me incomoda ouvir que sou nova mas não me tira o ânimo de lutar por meus ideais. Uma amigo também jornalista foi enfático quando me disse hoje por telefone. “Ideologia não enche barriga e nem incomoda quem está no poder”.

Respeito opiniões e com essa não será diferente. A tal metamorfose ambulante pregada por Raul Seixas toma conta de mim nesse momento da minha vida. Não de forma desregrada mas com compromisso e respeito com as pessoas que estou lidando e também com as situações.O que acontece é que infelizmente ideologia incomoda. Tem coisa pior para um hipócrita do que você olhar nos olhos dele e dizer: “Eu não acredito nisso!” ? Não tem...

Ideologia poucos tem. E as minhas não são apenas porque quero falar besteiras tamanhas. Estilo e opinião são uniformes. Talvez eu não seja uma grande profissional mas pelo menos pelo bem ou pelo mal já incomodo muito.

Textos sem profundidade que publico neste espaço causam tanta nostalgia que me impressionam. Quando algo que foi tão preparado é um fiasco, porque não posso dizer “Que porra é essa?”. Quando um político, o que é normal, constrange os presentes em um evento fazendo algo que não deveria porque não posso dizer que “Nem Fred explica!”?

Porque eu sou nova? Inventem outro argumento, esse não cola. Não será com certeza a idade que vai extrair de mim os compromisso éticos com a notícia. Ter opinião incomoda.E para os incomodados de plantão reafirmo que tenho sim ideais e convicções que ao são com certeza utópicos.

Com relação às mudanças...dá sim friozinho na barriga mas um belo objetivo traçado propicia a segurança necessária para seguir em frente na lida como digo! Me apego a isso. Ao meu amigo do telefone, se você não aprendeu a trabalhar suas ideologias e nem a ter credos e crenças sinto muito! Te garanto ter ideologia, é ter razão e foco para viver e lidar com as peculiaridades da vida, independente da idade.

Bom Domingo a todos!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Abolição discarada pra inglês ver...




AYÊ COMPANHEIROS!

Nesse dia “vendido” como dia da “Abolição da Escravatura” tantas outras coisas aconteceram na minha vida, mas nada maior que um dia historicamente marcado para a luta dos negros no país.

Por Maria José Cotrim

Assisti na Globo um trecho da mini-série Chiquinha Gonzaga onde passava o dia em que a Princesa Isabel assinou a Lei Aurea e burocraticamente “dizem” que ela aboliu a escravidão. Veio depois de milhares de mortes, de espancamentos, de atentados a vida humana mas veio.

Foi festejada pelos nossos irmãos negros nas senzalas com muita festa, música, dança e é claro capoeira. Brancos e negros iguais? Será? Mas o desejo de ser livre não tapou os olhos de nosso povo e os líderes e guerreiros dos quilombos sabiam mais que ninguém que era mais uma tentativa de enganação discarada.

Todos libertos! Libertos para continuarem nas senzalas, na lavoura, na lida e também no tronco. Essa abolição discarada que veio depois de todos os países foi um grande passo. Sim, um salto aliás para a situação que o negro se encontra hoje no Brasil.

Queremos e lutamos por políticas porque as tentativas de enganação continuam. Ainda vendem a liberdade para os negros da mesma forma discarada através de atos. A “princesa Isabel de Calcutá” salvou os negros da escravidão. Ouvi isso hoje de manhã.Caros, quem salva são as políticas de norteamento e desenvolvimento social.Quem salva é a igualdade social.E falta é muito!

A lei Áurea assim como as outras que vieram antes dela trouxeram a “salvação parcial” de acordo com a necessidade. Primeiro os velhinhos estão livres. Quer dizer quem conseguisse chegar à velhice depois de tantos maus tratos....

Depois os bebês nascidos depois de uma certa data estavam livres. Filhos de mães escravas é ótimo! Mas se no passado não fizeram as leis certas mas sim de acordo com a conveniência hoje isso é possível.

Temos o Estatuto da Igualdade Racial, esse sim norteará as políticas de igualdade racial sem discaração. O que falta no acesso á saúde, á educação, no incentivo á cultura negra, aos quilombolas tudo regido pelo estatuto amplamente discutido entre poder público e sociedade civil.

Acredito sim que com as leis certas, com as políticas certas tudo vai entrar no eixo.Não de forma discarada mas sim ascendente. A questão vai além de ser negro ou branco de ter cabelo liso ou crespo...quem ganha com isso é o Brasil que terá indivíduos ativos, críticos, participativos e contribuindo para sua realidade social.

Quanto á comunicação...vamos buscar o avanço! Ela é o espelho da sociedade e precisa ter uma abertura para a temática racial.Não é da Taís Araújo fazendo uma Helena de Manoel Carlos que eu to falando, muito menos do Robinho ser um sucesso no futebol ou ainda o Heraldo Pereira dar um show de jornalismo ao mostrar seu trabalho. Tô falando é de profundidade. Sair da amenidade, superar as limitações ao abordar o negro.Isso é possível e sou fiel escoteira nesse propósito.

Não vamos permitir a alienação discarada em nosso país!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

"Menina que não sabe de nada" é FODA!



Por Maria José Cotrim

Não tinha noção do quanto um jornalista incomoda.Jornalista bem informado, com propósitos e objetivos traçados incomoda muita gente.

Fiquei bestificada,é essa a palavra mesmo, quando percebi as diversas maneiras de intimidação aos profissionais da imprensa em todo o país. Senti isso na pele nos últimos dias, mesmo eu sendo “uma menina que não sabe de nada”, como disseram por aí. Dor de dente incomoda, de barriga também mas igual jornalista nem as contrações do parto incomodam mais!

Parece exagero mas pergunte ao Marcelo Miranda como ele se sentiu com a pressão da imprensa no seu processo pré-cassação... ou ao Collor no Impeachment dele.É fatal gente não adianta! Jornalista que conquista credibilidade tem alcance e convence...

Tenho muito a aprender nesta minha ainda prematura caminhada jornalística mas já carrego comigo o princípio básico de que nunca vou agradar a todos. É básico gente. Roupa nova nunca agrada todos,,,assim sendo diz a Bíblia que nem “Messias” agradou a todos. Michael Jackson e Roberto Carlos são considerados "Reis" mas tem alguém aí que não curte esses “caras”? com certeza....

Não vou buscar agradar a todos não só por este básico princípio mas porque ainda acredito em convicções mesmo sendo para algumas uma “menina que não sabe de nada”. Aliás que terminho sem criatividade hem?Foda!

Eu sei encarar essa crítica “sem nexo” e respeito “o senhor” que pensa assim. E respeito mesmo! Por que opinião é algo pessoal.. .Não vou parar de escrever por isso não adianta. Ora, se não sei de nada porque incomodo tanto? Foda!

Gente sem costume! Se eu falo das condições ainda subhumanas em algumas comunidades quilombolas,alguém não vai gostar. Se elogio alguns projetos nas comunidades,por exemplo, alguns também não vão gostar.

E comigo é assim: Ação e reação! Falou, eu respondo. Vamos "evoluir" e aprender a lidar com opinião meu povo...século XXI: HELLÔÔ!

Escrever o que pensa não é uma postura de quem não sabe de nada, querer intimidar é que é algo foda e típico de quem não sabe de nada com certeza! O "menina que não sabe de nada" se junta ao "neguinha do codó", "picolé de asfalto", "sarapatel de morcego", "boneca do cão brincar" e tantos outros apelidos e termos que já fui chamada.Caso a amnésia domine quando forem se referir a mim vou reforçar. Meu nome é Maria José Cotrim com m no final por favor.

Como as outros essa expressão me dá mais gás ainda pra escrever. Tenho um futuro pela frente que planejo todo dia quando levanto. Tempo pelo menos não é meu problema! Assim como o Messias (naõ importa a versão) não agradou a todos e até hoje ainda não agrada, esta jovem mas astuta profissional da comunicação também não vai. Ufa...Que bom!

Mas se defender o que acredita e criticar o que não acredita significa não saber de nada: Agradeço então pelo elogio!

sábado, 8 de maio de 2010

Feliz Dia das mães...



Por Maria José Cotrim

AYÊ COMPANHEIROS!

Dia das mães...tentei mas não consegui não falar desta data. Desse segundo domingo de maio em que colocaram como o Dia das Mães. DAQUELAS QUE SÃO AS ÚNICAS QUE CONHECEM REALMENTE O VALOR DO AMOR. Um dia ouvi o governador do Estado Carlos Henrique Gaguim (PMDB) dizendo que quando se qualifica uma mulher toda a família está sendo educada.

Achei interessante! Na sociedade ultra-moderna que vivemos na mioria das vezes falta tempo para curtir a família e até mesmo buscar a integração familiar. Hoje os filhos estão cada vez mais crescendo longe das mães já que muitos vão estudar em outros lugares e passam a ter outra convivência.

Datas como esse domingo lembram não só das mães mas também do valor da família. Da base de todo ser humano independente de suas diferenças sociais.

Parece um texto sentimental esse...mas meu intuito é fazer uma reflexão. Temos grandes males na sociedade hoje causados pela falta de estrutura familiar como o consumo de crack que em Palmas tem acabado com famílias inteiras. E quem vive lá nas regiões mais pobres são os prejudicados enquanto os chefões desfilam com seus carrões do ano.

Valores familiares podem sim com certeza evitar grandes males na sociedade e nessa missão as mães é que conduzem o processo.

Mãe passa confiança. E são as primeiras a quem recorremos nos momentos de aflição parece que já está no subconsciente.

Tive e tenho todos os dias a chance de conhecer e conviver com exemplos de mães e mulheres. Mas lá num pedaço do nordeste, na cidade de Igaporã está meu maior tesouro.

De nome Maria Aparecida e apelido "Nega" muita coisa consegui superar na minha vida graças aos conselhos e força que esta grande mulher sempre me dá.

Estou a quatro anos longe de Casa, buscando meu rumo profissional mas é para essa grande nega que dedico todas as minhas vitórias.

Mãe ninguém substitui, é ser único mais que especial. Dedico com carinho esse dia á minha mainha que mesmo a mais de mil KM longe de mim é minha maior fã e torcedora fiel.

Feliz Dia das Mães!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Enquanto isso no TJ, a novela continua.....



Desde que descobri que este humilde blog opinativo não é Maomé mas move montanhas fiquei abismada com a falta de costume de alguns em receber críticas. Falta de equilíbrio para lidar com opinião me incomoda mas não intimida.Nem um pouquinho.

O espaço aqui é aberto mesmo gente e para mim nada muda se meu vizinho ou o Lula leram algum texto publicado aqui. Hoje me cocei de vontade de escrever pois não dei conta do que vi no Tribunal de Justiça na tarde desta quarta,5, no julgamento das Ações populares que tratam do certame do Quadro Geral.

Primeiro: era esperado presença massiva dos representantes dos concurseiros com faixas e tal. Alguns deles por questões pessoais e imbuídos na expectativa de conseguir a tal da estabilidade foram ver o que no fundo todos já sabiam que ia acabar em pizza.

Todo mundo lá ansioso e vidrado na sessão e os desembargadores sem pressa nenhuma chegando de um a um. Enfim, ele chegou. O homem que tem a tão esperada resposta:o relator Marco Villas Boas. Pela feição dele não dá nem pra imaginar qual é seu voto.
O presidente da sessão então lança a pergunta: “Tem alguém esperando algum processo aí?”. Ah pára o mundo que eu quero descer! Como assim? Parecia o Silvio Santos perguntando a platéia o famoso: “Quem quer dinheiro?”.

Tudo bem. Valeu a intenção! Começa a discussão em torno do assunto. Aliás minto: não começou a discussão sobre o cancelamento ou não do certame porque a presidente do Tribunal comunicou os ilustres desembargadores que o advogado que por sinal é a mesma “pedra no meio do caminho” do Certame,questionou o impedimento do desembargador revisor em atuar no caso.

Todos fizeram cara de surpresa. Todos que eu digo,eles, os desembargadores. Para os poucos concurseiros não soou nem um pinguinho de surpresa! Não foi preciso esperar os 15 dias para o revisor se defender ou deixar o caso. Ele disse em alto e bom som que o fato da esposa dele fazer o concurso não o impede de atuar no impasse. E repetiu isso várias vezes.

Foi mais além e afirmou que estão querendo escolher os desembargadores que vão atuar no caso. Outros três desembargadores se declararam impedidos porque sobrinhos ou filhos fizeram as provas e ele lá batendo na tecla de que não há impedimento.

Sem entrar nos méritos jurídicos na questão vou me permitir um comentário: Ah pára!
Um Estado que precisa urgente contratar concursados na máquina, 104 mil inscritos esperando satisfação, mais de um ano depois da realização do certame e voltamos novamente para a estaca zero nessa lenga-lenga de impedimento.

O final da sessão foi um show...literalmente.Depois do adiamento confirmado o representante da Procuradoria se justifica dizendo que o órgão só quer ajudar no caso,isso depois do Procurador Geral dizer que ia questionar formalmente o impedimento do revisor, ou seja, ia fazer a mesma atitude do autor de pedido.
Opa! O relator também foi lá e disse que da sua parte tudo já está pronto. Ele disse que o relatório e o voto já estão feitos a meses.

Parando para pensar um pouco: O problema agora é o tal do impedimento do revisor. A ação popular sai de cena e a decisão agora é se o desembargador pode ou não revisar a matéria. Sim, porque se o voto está pronto, a Procuradoria diz que não tem mais questionamentos....o que tá faltando?

A mim resta torcer para que até dia 3 de junho o impasse seja julgado para que os aprovados tomem posse. Lá no TJ, de impedimento a impedimento o julgamento vai sendo adiado até encontrar os pouquíssimos desembargadores que não têm parentes que fizeram as provas....

Governo espera, concurseiros também e eles decidem quando a novela termina.Passamos então para o próximo capítulo. Corta!