sexta-feira, 29 de maio de 2009

No cardápio: Cotas na discussão! Ta servido?



Maria José Cotrim


Neste sábado, 30, o movimento dos sem universidade - MSU conclama estudantes, professores e militantes do movimento negro para debater as cotas raciais. Muitos parlamentares, sociólogos e até historiadores reconhecem que índios, pardos e negros tenham sido excluídos historicamente, mas acreditam que as cotas raciais podem dividir a sociedade brasileira.


Tem até quem defenda que o projeto de lei 180/ 08 que trata da reserva de cotas para alunos de escolas públicas, respeitando o percentual de negros e indígenas de cada região é racista porque vai contra a característica marcante do povo brasileiro que é a miscigenação. Por outro lado vemos aí uma falta de critério na hora de distribuir as cotas, para definir quem é negro e quem não é. Como pode um gêmeo entrar pela cota e o outro não? Uma falha que tem que ser revista!


Todas essas colocações demonstram que o prato quente “Cotas” ainda não foi colocado na mesa como deve. As discussões não devem acontecer isoladamente, o debate vai além de uma dívida social com essas etnias, envolve o acesso democrático á educação. Dentre todos os argumentos que já ouvi contra as cotas teve um que não esqueci. E ele veio de uma professora com alta graduação. “As cotas afirmam que o negro não tem capacidade de conseguir entrar na universidade sozinho”, disse ela na sala de aula após dizer que não carrega nenhuma bandeira de luta.


Capacidade ele não tem é de sequer garantir uma vaga sem uma política pública que garanta esse acesso. Cotas é igual diploma e não atesta competência. Sim, se tem capacidade ou não é a dedicação e inteligência que vai dizer e não as cotas! O discurso do movimento negro é forte quanto á isso. A negrada exige cotas para garantir o acesso da juventude negra na universidade, mas agregado a essa reivindicação vem o caminho para resolver outros problemas. O negro pobre e sem estudo não pode concorrer com quem tem acesso á universidade, isso é fato! E a educação, como afirma o inesquecível Nelson Mandela, é "a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo."


Junto com a oportunidade de um ensino superior vem a chance de uma vida melhor não só para negros e indígenas, mas para toda a sociedade brasileira que terá cidadãos mais ativos, críticos e com consciência social. Vamos nos desarmar para o debate e estar cientes que só as ações afirmativas visando uma reparação social pode mudar a realidade da educação brasileira.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Comunidades quilombolas são beneficiadas com o ‘Projeto Saúde Bucal’



Mais ação: O Governo do Tocantins, por meio da Secretaria da Cidadania e Justiça, em parceria com a Ação Quilombola, Funasa - Fundação Nacional de Saúde e a Prefeitura de Porto Alegre, realiza o ‘Projeto Saúde Bucal’ nas comunidades remanescentes de quilombo 'Lajinha' e 'São Joaquim', localizadas no município de Porto Alegre. O projeto prevê o atendimento de 100 pessoas durante o período de 26 a 29 de maio.

A superintendente de Proteção dos Direitos Humanos da Secretaria da Cidadania e Justiça, Dulce Mª Pimenta Furlan, explicou que os principais objetivos das ações são incorporar os procedimentos na área de Odontologia nos locais onde não existam consultórios odontológicos. “É uma ação especifica dos direitos humanos e, além do mais, estamos atendendo tanto os povos indígenas e as comunidades quilombolas, de modo a adequar a prática de controle de infecção bucal e oferecer assistência preventiva e curativa para as pessoas das comunidades”, afirma.

O projeto pretende orientar as comunidades sobre a importância da higienização bucal nas comunidades quilombolas do município. Durante a ação, as pessoas participarão de palestras educativas sobre os cuidados necessários para a saúde bucal.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Incentivo a modelos negras na passarela é polêmica entre fashionistas



O acordo que a organização da São Paulo Fashion Week assinou com o Ministério Público Estadual, se comprometendo a incentivar as grifes a contratar 10% de modelos afro-descentes e indígenas para os desfiles, causou polêmica entre os profissionais do mundo fashion. A medida, chamada de "termo de ajustamento de conduta", foi anunciada na última quarta-feira (20) e dividiu opiniões dos estilistas, das agências de moda e das próprias modelos.
Dudu Bertholini, designer da grife Neon, classificou a iniciativa como "hipócrita". "Acho preconceituoso, um absurdo. Desse jeito são as autoridades que provocam a segregação, pois essa medida vai constranger as modelos negras", diz o estilista.
"As meninas se sentirão desconfortáveis, sem saber se foram escolhidas por terem talento ou por causa de uma obrigatoriedade política hipócrita", completa. Bertholini, que garante não utilizar o critério racial ao selecionar as tops que desfilam para sua grife, afirma que não existe preconceito no meio fashion. "Não é justo apontar o dedo na cara da moda e dizer que há discriminação. Há 40 anos o Yves Saint Laurent já colocava modelos negras na passarela".


O diretor da agência Mega Models, Raphael Garcia, tem pensamento semelhante ao do estilista. E afirma ainda que existe uma "carência" de candidatas a modelo com o perfil no mercado. "É difícil explicar o motivo, mas poucas meninas negras procuram a agência para fazer um book [ensaio fotográfico feito com a modelo iniciante]. Quando chega até nós uma candidata com potencial, fazemos questão de incentivar e fechar contrato".

Segundo Garcia, dos 150 modelos contratrados da agência - entre homens e mulheres - cerca de 20% são de origem africana. "Na temporada de verão, as grifes buscam mais as negras, garotas de pele mais escura, com mais curvas, para os desfiles. Já nas coleções de inverno, em geral, as marcas preferem ter modelos com um perfil mais nórdico na passarela".Poucas oportunidades Moisés Júnior, booker da agência Ten Models, vê de maneira positiva a medida tomada pelo Ministério Público.


"Claro que a situação em relação há dez anos melhorou muito. Mas, infelizmente, as oportunidades de trabalho para as modelos negras continuam escassas", opina."A procura das grifes por afro-descendentes é mínima. Posso dizer, de maneira geral, que de dez 'castings' [teste para seleção de modelos em campanhas e desfiles] que aparecem aqui por semana, um ou dois são direcionados para as negras", diz Júnior.O booker conta que dos 140 modelos contratados da agência, 12 são negros.


"Nos Estados Unidos e na Europa, o mercado está bem mais democrático. Pode comparar uma revista de moda estrangeira com uma daqui: você verá muito mais negras deslumbrantes em campanhas conceituadas do que nas publicações brasileiras".Modelo há seis anos, a mineira Fernanda Téo, de 22, admite ter dificuldades em trabalhar por ser afro-descendente. "Quando as grandes marcas contratam uma garota negra para uma campanha, é porque ela já tem um nome firmado no mercado internacional", diz Fernanda, citando a carreira bem-sucedida de colegas como Emanuela de Paula, Ana Bela, Samira Carvalho e Carmelita Mendes.


"No Brasil, quando você é negra, primeiro tem que fazer sucesso lá fora para aí sim ser reconhecida e chamada para os trabalhos aqui", conta a modelo, que desfilou pela primeira vez para uma grife na SPFW na última temporada, em janeiro.A modelo Aline Apolinário, de 17, acredita que a nova política de incentivo da semana de moda paulistana trará mais oportunidades para as garotas negras. Mas lamenta que a situação tenha chegado a tal ponto.


"Claro que as grifes vão nos procurar mais, vai abrir portas. A pena é que seja às custas de patrulha ideológica. Em algum momento vou me questionar: 'estou aqui porque eles me acharam bonita e desfilo bem ou por causa da cota?'".

segunda-feira, 25 de maio de 2009

MOVIMENTO DOS SEM UNIVERSIDADE VAI DEBATER COTAS RACIAIS


Maria José Cotrim

O Movimento dos sem universidade – MSU realiza no sábado, 30, no Colégio Marista em Palmas um debate acerca das políticas públicas para o ensino superior no Brasil e no Tocantins. O debate começa a partir das 14h e engloba a discussão sobre o projeto de lei 180/ 08 que trata da reserva de cotas para alunos de escolas publicas, respeitando o percentual de negros e indígenas de cada região. Para falar do assunto, o convidado é Eduardo Xavier de Belo Horizonte.

Além dos universitários, professores e representantes do poder público, integrantes do movimento negro do Tocantins contribuirão no debate. Outro tema abordado no encontro, através de uma mesa redonda é o direito a educação, acesso e permanência nas universidades e as políticas de distribuição de bolsas universitárias no Estado do Tocantins. O debate sobre a temática será mediado pela Coordenadora do Centro de Educação popular, Maria Vanir Ilídio.

Na pauta de discussões também serão abordadas as novas políticas de acesso a Universidade no Brasil e o Reuni, o assunto será mediado pelo reitor da Universidade Federal do Tocantins – UFT, Alan Barbiero. Para encerrar o ciclo de debates, o evento também propõe uma discussão sobre os novos rumos da Unitins, uma oportunidade para falar da situação polêmica que a instituição passa e o reflexo disso para os acadêmicos, participa como convidado dessa mesa, o Pró – Reitor de Graduação da Unitins e Claudia de Almeida - estudante de Serviço Social da UNITINS.

O Movimento dos Sem Universidade surgiu e foi assim denominado em 2001, atua com formação, ação, organização com parcerias sociais, no sentido de abrir as portas das universidades para o povo. É uma organização fruto dos cursinhos populares que busca ações políticas para garantir o acesso ao ensino superior.

Contatos para inscrição e mais informações: 8416 91 83/ 9246 19 17

MINHA OPINIÃO: "È Trabalho de Nego!"


Maria José Cotrim


Todos usufruimos do feriadão esticado do dia do trabalho. Comemoramos em todos os cantos do país o fato de sermos trabalhadores com direitos reconhecidos, com condições de trabalho melhores... e por aí vai. Mas presenciei algo interessante no mesmo dia que me levou a escrever este texto. Passei com um amigo na Borracharia 24 horas e um cara na nossa frente gritava:
___Oh negão... meu pneu furou cara!Tô com uma pressa arruma aqui!

Passaram-se cinco minutos e nada de alguém surgir pela portinha azul.O cara ficava ainda mais nervoso e sempre mencionava a palavra "negão". Poxa o negão tá vacilando e tal...

Um homem loiro,bem sujinho de graxa resolveu encostar e perguntou o que tava acontecendo.
O nervosinho de plantão logo debulhou sua insatisfação: O negão parece que saiu, to com o pneu furado e da hora que grito ele não sai.

O loiro indagou: Mas que negão? - Uai, o que trabalha na oficina!

__Não, mas a oficina é minha quem trabalha aqui sou eu! Não te atendi porque você tava gritando negão, negão.... pensei que era outra pessoa!


Então pra trabalhar naquela oficina é claro que tinha que ser negão? Notadamente, o cara ficou sem graça e deu pra perceber que foi automática a atitude dele. Mas é que a inserção da população negra no mercado de trabalho no Brasil é marcada pela vulnerabilidade que resulta da desigualdade racial. Ela trabalha mais e ganha menos do que a população branca, ocupa postos de trabalho mais precários e está mais exposta ao desemprego. Esta evidência emerge da consulta às estatísticas oficiais.

O resultado desse quadro é a maior incidência de pobreza e miséria entre os negros. Dentre os 10% mais pobres, os negros representam 69, 3% enquanto que os brancos participam com o percentual de 30,2%. Quando nós mudamos o foco para os 10% de maior rendimento,os negros participam deste grupo com 8,2% contra 88, 2% de brancos .

Este massacre cotidiano da população negra deve ser analisado em duas perspectivas: as
perdas acumuladas do passado e as tendências preocupantes do futuro.Olhando para o passado, mesmo antes de constituir-se formalmente um mercado de trabalho, muitos milhões de africanos e seus de descendentes já haviam sido incorporados no mundo do trabalho no Brasil através do mercado de escravos.

Ao longo dos 388 anos, a vigência da escravidão atuou como fator permanente de desqualificação do trabalho livre exercido por uma população negro-mestiça. Tudo era trabalho de negro. Tornou-se mesmo uma regra social que todo trabalho manual, desqualificado era trabalho de negro, muito embora fossem negros os mais finos artistas, pintores, escultores e músicos. A evidência construída pela escravidão cristalizou-se na cultura brasileira como representação negativa do negro trabalhador, atuando ainda como fator discriminatório do negro no mercado de trabalho.

Torna-se então natural para a maioria dos brasileiros ver os negros e negras com as menores remunerações, nos piores postos de trabalho e em maioria na fila do desemprego.Para reverter esse quadro, não podemos descuidar das ações educativas capazes de desconstruir esses preconceitos. Os resultados destas iniciativas, no entanto, só produzirão resultados a longo prazo. Urge, portanto, a adoção de uma política de inserção imediata do negro no mercado de trabalho, de modo a quebrar este círculo vicioso de exclusão e pobreza. Enquanto isso o jargão continua: limpar, lavar, passar...é trabalho de nego!

Amas de leite : Mama África!



Maria José Cotrim

Chico César ficou famoso com uma grande canção chamada Mama Àfrica! "... a minha mãe é mãe solteira e tem que fazer mamadeira todo dia..." entoa sua música que até tenta fazer alusão á grande mãe África mas acaba caindo numa repetição do termo. È importante ressaltar a importância histórica e na formação social brasileira que as mães negras, escravas e amas de leite tiveram. Ao amamentar os filhos dos seus senhores, jorravam de seus seios mais do que leite. Junto com esse alimento nutritivo vinha também a história de vida daquelas negras sofredoras que com muito amor para acolher no coração aqueles filhos.

As negras escravas introduziram no Brasil uma maneira diferente de ser mãe. As escravas que viravam amas-de-leite eram escolhidas a dedo. Tinham que preencher alguns pontos básicos no currículo: geralmente, as `vagas´ iam para as mais bonitas, fortes e limpas. Essas mulheres tinham lá seus privilégios em relação aos outros serviçais. Como eram escravas de dentro de casa, comiam melhor e dormiam melhor - ou então, nem tão melhor assim.

Havia um preço pelas "regalias" - termo que chega a ser sarcástico, já que, em se tratando de escravidão, "regalia" quer dizer miséria um pouco menos sofrida. Por conta dos critérios de seleção apuradíssimos, era natural que as amas-de-leite despertassem a libido dos seus senhores ou fizessem pipocar ainda mais os já agitados hormônios dos seus filhos adolescentes. Muitas amas-de-leite acabaram engravidando de seus patrões que - adivinhem - não assumiam as crianças. Ou então, eram cobaias na iniciação sexual dos meninos, como ocorre até hoje, de forma mais velada, com muitas empregadas domésticas.


As crianças se reuniam em volta das mães pretas, que contavam histórias fascinantes. E lá na senzala, os filhos de verdade sobreviviam sub –humanamente, eram furtados não apenas do leite que Deus havia regado nos seios de suas mães, mas muitas vezes da própria vida.Mortos os frutos da criadagem, sobrava muito mais leite para regar os filhos dos senhores de engenho. Como vampiros inocentes, os meninos ricos se alimentavam do líquido branco que sangrava do peito dolorido das escravas de luto.

E essas mulheres incríveis hoje, nem sequer são lembradas. Verdadeiros exemplos de mãe de verdade, Mães África!E como diz Chico na sua canção : Mama tem calo nos pés/ Mama precisa de paz...

Movimento negro diz que igrejas foram omissas na escravatura

Organizações vinculadas ao movimento negro pediram, em manifesto divulgado semana passsada que as igrejas históricas se pronunciem sobre os 121 anos da abolição inacabada, e peçam perdão “pela cumplicidade e omissão diante da escravidão e racismo sofrido pelo povo negro”.Visite: Gospel, Noticias Gospel, Videos Gospel, Biblia Online

O Brasil lembrou, na quarta-feira, 13, o dia em que foi assinada lei que terminava com a escravidão formal. O manifesto negro sustenta, contudo, que o país “mantém uma das mais acentuadas desigualdades social e econômica do mundo” e que a população negra está à margem da riqueza produzida pela sociedade brasileira.

“Conclamamos a Igreja brasileira a romper com o silêncio e com o mito da democracia racial, a fim de que ocorra uma profunda transformação em toda a sociedade”, diz o manifesto. Tal pedido de perdão, aponta o texto, deve vir acompanhado de ações afirmativas e de reparações.

Dentre as ações afirmativas o manifesto propõe a garantia do acesso de afrodescendentes nos seminários e cursos teológicos, a ampliação de sua participação em cargos de direção das igrejas, o aumento do número de bispos e bispas, pastores e pastoras, e a criação e fortalecimento de pastorais e de ministérios de combate ao racismo.

No campo teológico, o documento pede uma releitura da Bíblia, levando em conta a história do povo negro desde os tempos bíblicos, e que seja produzida uma hermenêutica bíblica negra, que deve ser entendida como uma causa política.

O manifesto, assinado por dez organizações, dentre elas a Comissão Ecumênica Nacional de Combate ao Racismo, os Fóruns de Lideranças Negras Evangélicas e de Afrodescendentes Evangélicos, e a Aliança de Negros e Negras Evangélicos do Brasil, solicita das igrejas históricas um programa de ação que inclua o diálogo inter-religioso.

“As igrejas devem agir como uma vigorosa força para a conversão individual e coletiva dos corações, sem a qual o ódio, a intolerância e o racismo jamais conseguirão ser eliminados”, assinala o documento.

PERFIL NEGRO: MINISTRO JOAQUIM BARBOSA


Joaquim Benedito Barbosa Gomes, 54, foi o primeiro negro a tomar posse como ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), em junho de 2003. O magistrado é dos sete atuais integrantes da corte que foram indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nos julgamentos do STF, Barbosa tem adotado posições fortes e já se envolveu em várias discussões acaloradas com outros membros do tribunal máximo do país.

O magistrado é o relator da ação penal mais importante em andamento no tribunal: a do caso do mensalão. Para acelerar o desfecho dessa causa --que possui 39 réus-- e evitar a prescrição dos crimes contra os acusados, Barbosa adotou inovações, como a digitalização total dos autos do processo.

A carreira jurídica de Barbosa inclui a atuação como membro do Ministério Público Federal (1988-2003), como chefe da Consultoria Jurídica do Ministério da Saúde (1985-1988) e como advogado do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), entre 1979 e 1984.

Barbosa é professor licenciado da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Possui os títulos de doutor e mestre em direito pela Universidade de Paris-2 (Panthéon-Assas). O magistrado nasceu na cidade mineira de Paracatu.

Bismarque propõe criação da Comenda Zumbi dos Palmares

Maria José Cotrim

Na sessão desta quarta, 13, o vereador Bismarque do movimento propôs a criação da Comenda Zumbi dos Palmares para homenagear cidadãos e entidades que lutaram contra a discriminação no Tocantins. A proposta é que anualmente quatro personalidades sejam homenageadas.

A homenagem será cedida pelos parlamentares em sessão solene a ser realizada na semana alusiva ao Dia Nacional da Consciência Negra, em 20 de novembro. As nomeações serão feitas por decreto legislativo.”No Tocantins muitos escravos construíram as cidades e foram expulsos, hoje esses negros vivem na miséria e não são reconhecidos”, justifica o vereador.

Bismarque lembrou a história de luta de Zumbi dos Palmares. “Zumbi foi guerreiro, entregou sua vida em defesa dos negros e negras deste país, espero que a Câmara seja um espaço para debater as políticas e juntos reconheçamos a contribuição dos negros para o Estado”, argumenta o vereador.


terça-feira, 12 de maio de 2009

Tocantins ganha mais uma cominidade quilombola, seis ainda esperam




Maria José Cotrim


A Fundação Palmares, órgão rsponsável pelo registro das comunidades quilombolas, certificou a comunidade de Mata Grande, localizada em Monte do Carmo, á 89 km de Palmas. Com esse reconhecimento, o Estado conta agora com 16 comunidades reconhecidas.

A portaria, que registra e certifica o reconhecimento, foi divulgada na última terça-feira, 05 de maio, e também certificou outras 35 comunidades de outros Estados. O sociólogo e coordenador estadual de Afrodescendentes, Luís Benedito, explica que há ainda outras seis comunidades em processo de reconhecimento. “Estamos aguardando visita técnica para que seja feito o diagnóstico para encaminhar o reconhecimento”, diz.

O maior problema que as comunidades do Estado enfrentam hoje é a questão da titulação das terras. Nesse sentido, Benedito salienta que a comunidade de Mata Grande já está com essa questão territorial resolvida, mas é preciso atenção e empenho do governo estadual e federal para resolver esse impasse.

Tocantins é um dos estados brasileiros que mais tem comunidades quilombolas. Sobre a preservação dos quilombos, Benedito salienta a importância para a sociedade. “È importante preservar esse patrmônio imaterial que marca a luta de resistência do povo negro e envolve um conjunto de valores culturais que precisam ser resgatado”, comenta.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Sociedade civil protesta a favor das cotas raciais



Aproximadamente 60 organizações da sociedade civil participam de protesto a favor de uma política de cotas para as universidades públicas, ampliando o acesso ao ensino superior público aos estudantes negros, pardos e indígenas, respeitando a proporção em cada estado da Federação.

Representantes da sociedade civil entregam manifesto contra o racismo em apoio à aprovação do PL 180/ 2008 que reserva 50% das vagas nas universidades federais e nos cursos tecnológicos públicos para pessoas oriundas da escola pública, respeitando a proporção de negros(as) e indígenas em cada estado da Federação. O manifesto será entregue a senadora e relatora do PL, Serys Slhessarenko, nesta terça-feira, às 17h, na 2ª vice-presidência do Senado Federal (Ala senador Antônio Carlos Magalhães – Ed. Principal – Senado Federal).

A sociedade brasileira espera que o Senado tenha o discernimento necessário para reafirmar escolhas históricas que o Brasil começou e precisa continuar a fazer. O PLC 180/2008, de Nice Lobão, que dispõe sobre sistema de cotas para ingresso nas universidades federais e estaduais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio, irá para análise e deliberação nesta quarta-feira, dia 6 de maio, às 10hs, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania – CCJ do Senado Federal.

Todos nós sabemos que a dificuldade dos estudantes negros ingressarem no ensino superior, principalmente nas universidades públicas, é resultado de um acúmulo de desvantagens que estes indivíduos tiveram ao longo de sua trajetória de vida e principalmente educacional. Portanto é essencial uma política de cotas para universidades públicas, ampliando o acesso ao ensino superior público a essa parcela historicamente excluída.

As cotas no acesso ao ensino superior começaram a ser implantadas no Brasil a partir de 2001, tendo a UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) como a primeira universidade a implantar este sistema no seu exame vestibular. Desde então dezenas de outras universidades públicas e privadas alteraram seus exames seletivos para incorporar os critérios raciais – na maioria dos casos combinados com critérios de renda – no acesso à universidade, permitindo incorporar efetivamente um maior número de estudantes negros ao ensino superior.

Em 2004 foi a vez de o governo federal dar início a um grande programa de inclusão de estudantes negros ao ensino superior, através da criação do PROUNI (Programa Universidade para Todos), que concede bolsas de estudo a alunos negros, indígenas e de menor renda – entre outros grupos – que ingressem em instituições de ensino superior privadas. O PROUNI representa de fato uma inclusão numérica significativa de estudantes que há algum tempo atrás talvez nem considerassem a possibilidade de ingressar no ensino superior.

Esta escolha histórica que hoje o Brasil faz – e que esperamos que o Senado ratifique – tem conseqüências importantes do ponto de vista da inclusão social e da ampliação de oportunidades. Trata-se de uma escolha que de forma nenhuma nega a nossa identidade nacional ou recusa a utopia da igualdade. Ao contrário: esta escolha permite que se caminhe em direção à utopia. Sem estas medidas, o Brasil continuará simplesmente reproduzindo suas desigualdades e aí sim, caminharemos em direção ao fracasso.

Daniela Lima/ Eunice Borges - DF

domingo, 3 de maio de 2009

“ Um negro sempre será um negro.
Chama-se pardo, cafuzo, mulato ou moreno-claro.
Um negro sempre será um negro,
na luta que assume pelo direito ao emprego
e contra a discriminação no trabalho.
Um negro sempre será um negro.
Afirmando-se como ser humano
na luta pela vida.”


Jorge Posada

sexta-feira, 1 de maio de 2009

QUILOMBOLAS PLANEJAM AÇÕES PARA COBRAR PROGRAMAS DO GOVERNO


Lideranças dos quilombolas tocantinenses já se articulam para a II Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Tocantins.



A situação dos quilombolas do Tocantins preocupa os líderes do movimento de quilombos que já planejam uma ação de mobilização para exigir políticas públicas e mais assistência ás comunidades. Na articulação está prevista a exigência de uma auditoria sobre os programas sociais aplicados nas comunidades.

O déficit assistencial e a falta de execução de projetos são os principais motivos da ação. De acordo com Rogério Ribeiro, presidente da Associação 3ª Idade Vida Nova das comunidades de São Joaquim e Lajinha, “ a Conferência é o momento oportuno para expormos nossas dificuldades e pedirmos mais atenção para nossos quilombos”.

“Nossas comunidades ainda não tem nenhuma política habitacional, vivemos ainda em casas de adobe com teto de palha, com o risco de doenças como Chagas e outras. A seca ta chegando e com ela vem a falta de água, não temos atendimento médico, nem acesso digno á educação”, reclama Darleno Avelino, líder quilombola.

Na conferência, os quilombolas vão realizar uma exposição de documentos e fotos que retratam as principais dificuldades.O evento acontece dias 6,7 e 8 de maio no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil.