O Brasil lembrou, na quarta-feira, 13, o dia em que foi assinada lei que terminava com a escravidão formal. O manifesto negro sustenta, contudo, que o país “mantém uma das mais acentuadas desigualdades social e econômica do mundo” e que a população negra está à margem da riqueza produzida pela sociedade brasileira.
“Conclamamos a Igreja brasileira a romper com o silêncio e com o mito da democracia racial, a fim de que ocorra uma profunda transformação em toda a sociedade”, diz o manifesto. Tal pedido de perdão, aponta o texto, deve vir acompanhado de ações afirmativas e de reparações.
Dentre as ações afirmativas o manifesto propõe a garantia do acesso de afrodescendentes nos seminários e cursos teológicos, a ampliação de sua participação em cargos de direção das igrejas, o aumento do número de bispos e bispas, pastores e pastoras, e a criação e fortalecimento de pastorais e de ministérios de combate ao racismo.
No campo teológico, o documento pede uma releitura da Bíblia, levando em conta a história do povo negro desde os tempos bíblicos, e que seja produzida uma hermenêutica bíblica negra, que deve ser entendida como uma causa política.
O manifesto, assinado por dez organizações, dentre elas a Comissão Ecumênica Nacional de Combate ao Racismo, os Fóruns de Lideranças Negras Evangélicas e de Afrodescendentes Evangélicos, e a Aliança de Negros e Negras Evangélicos do Brasil, solicita das igrejas históricas um programa de ação que inclua o diálogo inter-religioso.
“As igrejas devem agir como uma vigorosa força para a conversão individual e coletiva dos corações, sem a qual o ódio, a intolerância e o racismo jamais conseguirão ser eliminados”, assinala o documento.
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