sexta-feira, 29 de maio de 2009

No cardápio: Cotas na discussão! Ta servido?



Maria José Cotrim


Neste sábado, 30, o movimento dos sem universidade - MSU conclama estudantes, professores e militantes do movimento negro para debater as cotas raciais. Muitos parlamentares, sociólogos e até historiadores reconhecem que índios, pardos e negros tenham sido excluídos historicamente, mas acreditam que as cotas raciais podem dividir a sociedade brasileira.


Tem até quem defenda que o projeto de lei 180/ 08 que trata da reserva de cotas para alunos de escolas públicas, respeitando o percentual de negros e indígenas de cada região é racista porque vai contra a característica marcante do povo brasileiro que é a miscigenação. Por outro lado vemos aí uma falta de critério na hora de distribuir as cotas, para definir quem é negro e quem não é. Como pode um gêmeo entrar pela cota e o outro não? Uma falha que tem que ser revista!


Todas essas colocações demonstram que o prato quente “Cotas” ainda não foi colocado na mesa como deve. As discussões não devem acontecer isoladamente, o debate vai além de uma dívida social com essas etnias, envolve o acesso democrático á educação. Dentre todos os argumentos que já ouvi contra as cotas teve um que não esqueci. E ele veio de uma professora com alta graduação. “As cotas afirmam que o negro não tem capacidade de conseguir entrar na universidade sozinho”, disse ela na sala de aula após dizer que não carrega nenhuma bandeira de luta.


Capacidade ele não tem é de sequer garantir uma vaga sem uma política pública que garanta esse acesso. Cotas é igual diploma e não atesta competência. Sim, se tem capacidade ou não é a dedicação e inteligência que vai dizer e não as cotas! O discurso do movimento negro é forte quanto á isso. A negrada exige cotas para garantir o acesso da juventude negra na universidade, mas agregado a essa reivindicação vem o caminho para resolver outros problemas. O negro pobre e sem estudo não pode concorrer com quem tem acesso á universidade, isso é fato! E a educação, como afirma o inesquecível Nelson Mandela, é "a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo."


Junto com a oportunidade de um ensino superior vem a chance de uma vida melhor não só para negros e indígenas, mas para toda a sociedade brasileira que terá cidadãos mais ativos, críticos e com consciência social. Vamos nos desarmar para o debate e estar cientes que só as ações afirmativas visando uma reparação social pode mudar a realidade da educação brasileira.

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