quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Movimentos sociais com Gaguim: “ou vai ou racha!”




Por Maria José Cotrim


Hoje foi o último dia do horário eleitoral do pleito de outubro. Acompanhei todos os programas dos dois candidatos do Tocantins, ex-governador Siqueira Campos (PSDB) e Carlos Gaguim (PMDB).Faltam três dias para a decisão nos rumos políticos do Estado que serão de uma maneira ou outra decisivos para os movimentos sociais.

Para os movimentos sociais apenas um candidato teve proposta: isso é fato! No programa do Siqueira foi dito que apenas ele tem plano de governo mas quem buscou o diálogo com os movimentos sociais do Tocantins entre eles as lideranças do movimento negro foi o candidato do PMDB.

Estou falando de proposta. O Estado tem suas prioridades maiores assim como o Brasil na saúde, educação e segurança pública, mas para diagnosticar os problemas nessas áreas sem a ação e envolvimento das várias organizações populares é com certeza mais trabalhoso e também inviável.

Vários movimentos declararam apoio a Gaguim, dentre eles o de Luta pela Moradia, a Via campesina, o movimento de atingidos por barragens e outros.No palanque cada representante elencou as necessidades e demandas.

Mas dialogar com os movimentos não é fácil. Deve haver um “epicentro” entre os dois para proporcionar o equilíbrio .As lideranças esperam e acreditam na eleição de Gaguim mas espero que estejam cientes que a Siqueira ao contrário do que fez a Central única dos Trabalhadores, não foi apresentada nenhuma carta de compromisso.
Se Siqueira vencer o pleito os movimentos voltarão à estaca zero e terão que reconstruir uma relação institucional com o Estado.

A força política dos movimentos vem dos partidos aliados de esquerda que estão com Gaguim aqui no Estado, motivo pelo qual os movimentos estão engajados na reeleição do peemedebista, afinal ele é o candidato do Lula e da Dilma.

Vi o Gaguim mencionando tanto no debate político desta terça-feira, 28, quanto no último programa de hoje os negros e quilombolas do Estado. Mas não vi o peemedebista participar em momento algum da caminhada com os movimentos em Palmas em prol de sua candidatura, pelo contrário ao invés de se unir a 600 militantes de vários lugares do Estado chegou foi atrasado ao evento. A verdade é que na relação entre movimento e governo não deve ter ilusão e sim cumplicidade.

Afinal, o movimento vive de realidade e ideologia que resultam nas ações.
Digo que será uma nova era para os movimentos sociais no Tocantins a partir do próximo ano ou um momento favorável para a reconstrução de um diálogo e parceria com a esfera governamental. Vamos ver no que vai dar: Ou vai, ou racha!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

ENTREVISTA: “O movimento negro foi o principal ator político na conquista política do negro brasileiro”, diz presidente da Unegro



Por Maria José Cotrim

Inaugurando o rol de entrevistas do nosso NEGRO EM DEBATE,o nosso convidado desta semana é o presidente da União de Negros pela Igualdade, Edson França. De São Paulo, ele respondeu às perguntas encaminhadas.Dentre os principais questionamentos, Edson relatou a contribuição do movimento negro para as mudanças sociais no Brasil.O presidente ressalta o diálogo “positivo e constante” entre a política e o movimento.

Veja a entrevista:

1- Para você qual a contribuição efetiva do movimento negro para as conquistas em prol da Igualdade Racial?

EDSON FRANÇA - Penso que a principal e mais efetiva contribuição do movimento negro para a igualdade racial é ininterrupta luta manifestada ao longo dos séculos de combate ao racismo e aos racistas. Realizamos inúmeras ações políticas (marchas, assembléias, plenárias, conferências, articulações, pressões, abaixo-assinado) reivindicando bandeiras de luta com vista à emancipação da população negra. Convencemos nossos partidos, pautamos o debate no movimento social, onde conseguimos apoio a diversas propostas. O movimento negro foi o principal ator político na conquista política do negro brasileiro, a última batalha vitoriosa foi a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, temos que exigir sua total implantação. Considero que o Brasil dará um salto de qualidade em sua estrutura social e, conseqüentemente, poderá unir o povo brasileiro se observar corretamente as implicações do Estatuto da Igualdade Racial nas políticas públicas nos campos da educação, trabalho, saúde, terra, cultura, comunicação e gestão pública.

2- A Unegro é um dos maiores movimentos do país. Qual e como se manifesta a relação entre a questão partidária, já que a maioria dos membros da entidade milita no PCdoB, e o trabalho desenvolvido pela entidade?


EDSON FRANÇA - A UNEGRO é uma organização social de combate ao racismo autônoma, com atuação no movimento negro e na luta antirracismo, estamos nos preparando para ampliar o leque de intervenção da entidade, pois entendemos que assim como as políticas públicas, as ações contra o racismo devem ser transversalizadas, visto que a desigualdade de negros e brancos se constrói e enraíza em quase todos os espaços políticos, econômicos, culturais, sociais e ideológicos. As instâncias de deliberações da UNEGRO são sua coordenação, plenárias, assembléias e congressos, espaços de direção consagrados em nosso Estatuto Social. Nossa relação com os partidos políticos - especialmente de esquerda, pois entendemos que os partidos defensores do atual sistema, defendem igualmente o racismo – é de diálogo positivo e constante. Os Partidos são estruturas de poder, defendemos que a população negra tem que estar dentro, sob pena de atentar contra seu próprio empoderamento. Há na UNEGRO militantes de vários partidos, de fato a maioria é do PCdoB, considero uma característica importante da militância da UNEGRO, pois reforça nossa unidade interna e nos aproxima de um pensamento avançado para o Brasil. Acreditamos e temos visto na prática que a pauta partidária e a pauta do movimento negro não são contraditórias, ao contrario, podem se retroalimentarem, porém nem sempre se encontram, pois tem sentidos próprios. A UNEGRO compreende que parte importante dos avanços conquistados pelo movimento negro foi pauta ou pautado pelos partidos de esquerda, compreendemos que o PCdoB, PT, PDT, PSB, PSOL, PSTU, PMDB têm longa contribuição e serviços prestados a luta contra o racismo

3- Como a UNEGRO vê o espaço que os movimentos conquistaram junto ao governo atual?

EDSON FRANÇA - A UNEGRO valoriza os espaços de igualdade racial instituídos pelo governo atual, entendemos que a institucionalização de espaços de igualdade racial na estrutura administrativa do governo é um tiro certeiro no discurso da democracia racial propugnado oficialmente pelo Estado brasileiro, interna e externamente, até inícios dos anos 2000. Quando o Estado institui um órgão (SEPPIR), ligado a Presidência da República, dá um recado eloqüente à sociedade brasileira da necessidade de combatermos o racismo e produzirmos a igualdade entre negros e brancos. Defendemos para o próximo governo a manutenção e fortalecimento institucional da SEPPIR, e a capilarização de estruturas análogas descentralizadas regionalmente e em diversos ministérios. Assim o Estado terá maior capacidade gerencial para dar real efetividade e eficácia nas políticas de igualdade racial.

4- O movimento negro sofre um processo de descaracterização das bandeiras de luta principalmente com relação à política de cotas. Como a entidade lida com isso?

EDSON FRANÇA - A UNEGRO não considera as bandeiras de lutas do movimento negro descaracterizadas, ao contrário, todas são importantes para luta contra o racismo. No entanto, consideramos insuficientes para emancipação de uma maioria populacional, consideramos que parte importante das nossas bandeiras não dialoga com a necessidade da população negra ascender e compartilhar o poder político e material no Brasil. Consideramos uma fábula a idéia de que seja possível combater o racismo no marco do sistema atual, por isso a luta pelo poder político é deve ser a razão da existência do movimento negro. Defendemos que a luta atual do movimento negro tem que ter como prioridade a ascensão de negros e negras no poder, para nele operar as mudanças com objetivo de construir uma sociedade justa, sem racismo e sem nenhuma forma de opressão.

5- Quais as bandeiras de luta da UNEGRO e como a entidade vem se consolidando nos estados?

EDSON FRANÇA - A UNEGRO não tem bandeira específica, singular, ao contrário, nossas bandeiras são as mesmas do movimento negro brasileiro. Construímos juntos somos coletivamente autor e atores da luta racial no Brasil. Não temos coelho em cartola. É assim nacionalmente e tem sido assim nos estados. Hoje, estamos incomodados com a quantidade de propostas que não saem do papel. Somos o um movimento social fértil em formulação, pautamos o debate político no Brasil em vários momentos, estamos capilarizados em quase todos os municípios brasileiros. Falta-nos força política para dar materialidade em nossas propostas. A UNEGRO compreende que somente com força e vontade política será possível as bandeiras de luta do movimento negro ter real viabilidade.

6- Existe hoje, na sua opinião, uma disputa por espaço entre as várias entidades voltadas para a temática étnico-racial ou a relação é de união em prol da causa?
EDSON FRANÇA - Tenho dialogado com muitas lideranças do movimento negro brasileiro, minha percepção é de que estamos diante de um momento de amadurecimento e unidade, hegemonicamente. Há sim, aqueles que apostam na cizânia, mas são minoritários. Pois a luta contra o racismo e pela elevação social do negro é o substrato de toda nossa existência. Considero normal a diversidade no meio de uma grande unidade, em outras palavras, é perfeitamente previsível que as entidades tenham táticas políticas, ideologia e projetos singulares. Mas não são contraditórios, pois todos lutam contra o racismo.

7- Qual maior desafio atualmente na luta pela reparação social no país?
EDSON FRANÇA - A UNEGRO compreende que o maior desafio para reparação do negro e da negra brasileira é o compartilhamento do poder político e econômico entre negros e brancos, não acreditamos que as políticas públicas tenham potencial para reparar erros e dívidas seculares, quando muito mitigam desvantagens. Temos que construir um país de iguais, isso é reparar.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O mito da igualdade racial e o efeito Prouni




Por Maria José Cotrim

Não faltam intelectuais para se posicionarem contras as cotas. Esse debate em torno das reserva de vagas nas universidades e ainda em outros setores da sociedade permeia há anos entre sociólogos, historiadores, militantes, e até entre os próprios estudantes e beneficiados e ainda entre os que não entendem “nadica de nada” do assunto.

Na base da argumentação dos críticos de plantão está o que eles apontam como conflito racial. Os dados do Programa Universidade para Todos, no entanto, desconstrói essa argumento.

Os bolsistas, que são selecionados de escolas públicas, têm acesso à universidades particulares contribuindo assim para a diversidade cultural no ambiente acadêmico. Os dados mostram que o índice de aproveitamento dos beneficiados do Prouni supera o dos não-bolsistas.

São 300 mil jovens negros hoje nas universidades através do programa, conforme dado repassado pelo Ministério da educação. Outros 50 mil estudam através do sistema de cotas das universidades.

Para o ministro da Educação, Fernando Haddad o Prouni é o maior exemplo de que as cotas dão certo e que não causam separativismo.“O ProUni é um modelo de cotas e vemos que a qualidade dos alunos não caiu.

Pelo contrário, os alunos têm desempenho superior ao dos não cotistas”, disse o ministro em entrevista essa semana.

De fato, o Prouni além de democratizar o acesso ao ensino superior, contempla a diversidade e propicia a convivência com a diferença.Sendo assim configura como uma ação afirmativa de reparação social.

Só que as políticas que dão certo não podem também deixar de serem analisadas gradualmente e se necessário sofrerem mudanças e com o Prouni também deve ser assim.

Como parafraseou essa semana o ministro da Promoção da Igualdade Racial, Elói Ferreira de Araújo há a necessidade de superar o “mito da democracia racial”.Não faltam pessoas para acreditarem nisso e saírem por aí reproduzindo o princípio errôneo de que o preconceito está nos olhos de quem vê.Esses é que são o perigo!

Esses alienados precisam ter conhecimento de que política pública efetiva é que muda a realidade social. È com investimento e estratégias reais de reparação que criaremos as condições para um modelo multicultural em todas as áreas. E o Prouni representa isso hoje numa sociedade ainda tão calejada de igualdade.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

São as peças do tabuleiro da moralização na política brasileira...



Por Maria José Cotrim

Netinho de Paula, Edson Santos e Boca Nervosa. Netinho de Paula, cantor, apresentador e agora candidato ao Senado tem sido alvo de polêmica na imprensa.Segundo as pesquisas divulgadas até o momento Netinho é um dos cotados para conseguir uma vaga no Congresso Nacional.

Alvo de denúncias por causa de problemas conjugais com a ex-esposa, Netinho nesta campanha assumiu erros e defendeu a Lei Maria da Penha que condena agressores de mulheres.

Mesmo sendo da igreja evangélica afirmou em entrevista que não tem nada contra a união estável entre pessoas do mesmo sexo. "Nós do PCdoB e da base aliada de esquerda acreditamos que isso [casamento gay] é legítimo. A pessoa que ama pode escolher com quem quer viver", disse ao Portal G1 completando ainda que o assunto não tem nada a ver com convicções religiosas.

O cantor da “Cohab” e de outros sucessos junto com a Negritude Júnior é o mesmo que através de um programa no SBT realizou vários sonhos das chamadas “princesas”.

Edson Santos, é o ex-ministro da Seppir que disputa uma vaga de deputado federal pelo Rio de Janeiro. À frente da Secretaria coordenou a pasta e mesmo saindo de lá continua sendo um aliado importante na luta da Igualdade racial.

Em tempos de aprovação da Ficha Limpa que selecionará os candidatos do futuro, uma renovação surge na política brasileira. Ainda não é a reforma política que trará uma redemocratização do Estado de Direito mas é o início sim de uma nova era.

E esse novo tempo passa com certeza por uma participação mais efetiva dos negros na política e principalmente no Senado Federal onde são feitas as alterações importantes na legislação brasileira.

Lá no Senado, o senador Paulo Paim lutou pela aprovação do estatuto da Igualdade Racial, até hoje o documento mais completo que propõe um conjunto de políticas públicas de reparação social. Com a resistência de outros partidos, o documento quase se eternizou no Congresso.

A reforma política passa principalmente pela qualidade dos representantes políticos. O Netinho e o Edson já são, independentes de ganhar ou não, lideranças políticas com representatividade étnico-racial forte e importante para a democracia. Muitos já perceberam e tentam desqualificar esse fator. Não é só de números de negros, brancos ou amarelos que estou falando.

A questão étnico-racial é ainda foco de vários candidatos desse pleito, uns como uma certa pitada de humor como o “Boca nervosa” que concorre a uma cadeira na Câmara Federal. Ele foi escolhido como um dos candidatos com slogan mais engraçados: “Dê uma chance para esse negão bronzear o congresso”, diz no horário eleitoral.

É ligado à cultura, é músico mas na política preferiu potencializar o apelido sendo assim alvo de muitas piadas.

O país urge de agentes do processo político com sede de renovação e moralização da democracia. E no dia três de outubro é que serão escolhidos os elementos desse processo.

Enquanto isso os "Bocas Pequenas" ironizam o processo e brincam de fazer política.São assim as peças do tabuleiro d amoralização da política brasileira.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Exposição fotográfica retrata Lagoa da Pedra e Roda de São Gonçalo



O projeto de exposição fotográfica Lagoa da Pedra e a Roda de São Gonçalo será apresentado entre os dias 07 a 12 de outubro na Fundação Cultural do Estado. De lá ela segue para todos os sete campi da UFT.

A exposição foi inspirada no livro: “A Roda de São Gonçalo na Comunidade Quilombola da Lagoa da Pedra em Arraias”, fruto de um trabalho de pesquisa do Mestrado em Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Tocantins, que foi premiado no 1º Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afrobrasileiras no início deste ano e ganhou um patrocínio para executá-la.

Quem visitar a exposição vai conferir 30 quadros, 3 totens que vão expor os selos e os cartões-postais que também fazem parte da mesma, 1 quebra-cabeça gigante e interativo, fotolivros, além de uma palestra acerca do trabalho de pesquisa que culminou a exposição e uma oficina sobre fotografia.

Pesquisa

O trabalho de pesquisa que deu origem ao projeto de exposição fotográfica é intitulado: “Lagoa da Pedra e Roda de São Gonçalo”, e foi realizado entre 2008 e 2009, pelo hoje, mestre Wolfgang Teske, sob a orientação do professor José Ramiro La Madrid Marón. Agora, em parceria com o repórter fotográfico Emerson Silva e o fotojornalista Manoel Júnior, o objeto de estudo que acompanhou todas as manifestações culturais da comunidade quilombola Lagoa da Pedra no município de Arraias, foi transformado em exposição, fotolivro, cartões postais e selos.

“A nossa intenção é interagir com a população de cada região onde passarmos com a exposição. Vamos convidar todos para participar, assistir a palestra, ver a exposição e fazer a oficina. Dessa forma, pretendemos motivar as pessoas a documentarem a expressão cultural de sua região”, explicou Teske.


Exposição


O projeto de exposição fotográfica foi desenvolvido pelo repórter fotográfico Emerson Silva, com co-autoria e curadoria do fotojornalista Manoel Júnior e pesquisas e textos do jornalista, educador, teólogo e mestre em Ciências do Ambiente, Wolfgang Teske.

O objetivo da mesma é valorizar e preservar suas origens, rituais e a manifestação religiosa conhecida como Roda de São Gonçalo: ritual empregado em pagamento a alguma graça alcançada ou concedida, por meio de uma promessa a São Gonçalo.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Quilombolas do Mumbuca recebem Inventário do Artesanato em capim dourado



“Esta é a primeira festa que está acontecendo na comunidade desta maneira, está tudo muito lindo”. Foi com estas palavras que a presidente da Associação dos Artesãos e Extrativistas de Mumbuca, Josilene Tavares, definiu a cerimônia de entrega do resultado do Projeto Capim Dourado – Trançando a Tradição, no povoado do Mumbuca, na última sexta-feira, 17.

O evento contou com uma vasta programação, que incluiu a exibição do vídeo documentário produzido durante o Projeto e manifestações artísticas, como o show do músico J. Bulhões e da dupla da comunidade do Mumbuca, Maurício e Arnon, tocando violas de buriti. A população do Povoado do Mumbuca também pôde conferir a exposição fotográfica “Capim Dourado – Trançando a Tradição”, que retratou momentos especiais de todo o trabalho de inventário.

Em seu discurso, o presidente da Fundação Cultural do Tocantins, Diomar Naves, ressaltou a importância do capim dourado para o Estado. “Realizar este tipo de projeto irá fazer com que o Povoado do Mumbuca não tenha apenas fama, mas sim tenha subsídios para que se possa angariar recursos para que todos que moram aqui tenham uma vida digna. O capim dourado é vitrine do Tocantins para todo o mundo e temos que preservar a tradição deste tipo de artesanato”, afirmou o presidente.

Nas próximas semanas, será entregue para cada família do povoado do Mumbuca um kit contendo um exemplar do vídeo documentário, um catálogo com a árvore genealógica e texto sobre a formação da comunidade e processo de produção das peças de artesanato em capim dourado. A entrega do resultado do Projeto Capim Dourado – Trançando a Tradição abriu a programação da tradicional Festa da Colheita do Capim Dourado, que termina nesta segunda-feira, 20.

“Capim Dourado – Trançando a Tradição”

O projeto teve início em julho de 2009 e foi dividido em seis etapas, sendo a última realizada no mês de junho deste ano e consiste no inventário do saber fazer dos artesãos do Mumbuca, no que diz respeito à arte de costurar o capim dourado e transformá-lo em peças artesanais.

Neste período, foram visitadas 32 famílias; captadas imagens para a produção de um vídeo documentário; realizadas entrevistas com moradores da comunidade; feito o acompanhamento da colheita do capim dourado, além da realização de palestra de educação patrimonial com alunos e professores da comunidade. Foram envolvidas diretamente cerca de 130 pessoas entre artesãos e suas famílias.

Para a realização do Inventário, foram aplicados R$ 177.625,00, sendo R$ 142.100,00 provenientes do Fundo Nacional de Cultura e R$ 35.525,00 de contrapartida do Governo do Estado, por meio da Fundação Cultural.

sábado, 18 de setembro de 2010

IBGE aponta que metade das mulheres negras trabalham sem carteira assinada



As mulheres negras (pretas e pardas) estão em situação pior no mercado de trabalho que as brancas, revela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada hoje (17), mostrando que elas são maioria entre as trabalhadoras informais.

A pesquisa Síntese dos Indicadores Sociais 2009 destaca que enquanto metade das mulheres pretas (54,1%) e pardas (60%) trabalha sem carteira assinada, portanto, sem direito a benefícios como seguro desemprego e licença maternidade, o percentual de brancas na mesma situação é de 44%.

A situação contrasta com o fato de "um tipo de família mais vulnerável", segundo o documento, ser o de mulheres sem cônjuge, com filhos pequenos, cujos percentuais de mães pretas é de 23,3% e pardas, de 25,9%. Famílias nessas condições com mulheres brancas representavam 17,7% do total.

De acordo com o IBGE, a situação menos favorável das mulheres negras se dá em função da escolaridade e da renda. “Quando consultamos menores rendimentos, a maioria se declara preta ou parda. Tem uma correlação entre escolaridade, renda e cor flagrante”, justificou a pesquisadora, Ana Lúcia Sabóia.

Do total da população, a informalidade é maior entre as mais jovens e mais velhas. Entre aquelas de 16 a 24 anos, é de 69,2% e entre as com mais de 60 anos, de 82,2%. Segundo a pesquisa, os dois segmentos concentram pessoas com mais dificuldade de conseguir emprego.

"No caso da mais jovens, pode ser também pela dificuldade de conciliar emprego e estudos, e, no caso das mais idosas, o retorno de aposentadas e pensionistas ao mercado", diz o texto.

Em relação à posição na ocupação, a síntese destaca que os brancos eram 6,1% dos empregadores, enquanto os pretos eram 1,7% e os pardos, 2,8%. A maioria da população negra trabalhava sem carteira (17,4% entre os pretos e 18,9% entre os pardos). Entre os brancos, o percentual era de 13,8%.

África comemora queda do número de casos de aids

Os países mais afetados pela epidemia de aids no mundo – os africanos Costa do Marfim, Nigéria, África do Sul, Zâmbia e Zimbábue – foram os que registraram as maiores quedas nos números de novos casos entre 2001 e 2009.

No geral, todas as 22 nações da África Subsaariana tiveram um declínio de mais de 25% dos casos de infecções no período. “É a primeira vez que isso acontece no coração da epidemia”, comemorou o diretor executivo da Unaids, divisão da Organização das Nações Unidas (ONU) que trata do tema, Michel Sidibé, durante a divulgação dos dados em Genebra (Suíça). “Agora vemos esperança no lugar em que o HIV só roubava sonhos”, afirmou.

Cerca de 70% dos infectados de todo mundo vivem na África Subsaariana. Em 2008, 72% das mortes foram registradas neste conjunto de países e 14 milhões de crianças perderam o pai e a mãe por causa da aids. Na Suazilândia, por exemplo, a expectativa de vida caiu pela metade entre 1990 e 2007, para 37 anos de idade, por causa da doença.

Na África do Sul, o combate ao vírus vive um momento acelerado. Novas infecções entre jovens e adultos caíram 25% e um número recorde de mulheres tem acesso ao tratamento para prevenir a transmissão da mãe para o bebê. O governo sul-africano aumentou significativamente os recursos destinados à prevenção e ao tratamento da aids.
A Unaids recomenda que os governos invistam entre 0,5% e 3% das receitas nacionais no combate ao HIV, dependendo da quantidade de infectados. A maioria dos países mais afetados não segue o indicado. No ano passado, o total de recursos alocados para combater a doença no planeta foi de U$ 15,9 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões), U$ 10 bilhões menos que o previsto como necessário.

“Todo centavo economizado significa colocar mais gente em tratamento ou nos programas de prevenção”, disse Leonardo Chavane, porta-voz do Ministério da Saúde de Moçambique. Ele explicou que o transporte dos medicamentos impacta muito os custos. “Tudo vem da Ásia, Europa ou Américas”. Moçambique tem 12,5% da população de cerca de 22 milhões de habitantes infectadas pelo HIV.

Laboratórios privados produzem remédios antirretrovirais em pequena escala em Uganda, no Quênia e na África do Sul. Moçambique deve sediar a primeira fábrica pública de drogas anti-HIV, em um projeto conjunto com o Brasil.

Técnicos da Fundação Osvaldo Cruz, que fará a gestão técnica da planta, estiveram no país nesta semana. Espera-se para os próximos dias a definição do nome da empresa que irá montar as instalações em um galpão na cidade da Matola, vizinha à capital Maputo, ao lado de uma fábrica do governo moçambicano que já produz soro fisiológico e glicose.
Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O empoderamento do movimento negro no governo Lula...




Por Maria José Cotrim


Foi no governo do presidente Lula que a temática da Igualdade Racial ganhou espaço em termos institucionais e governamentais. Primeiro de tudo: a criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial que coordena políticas voltadas para o segmento em diferentes ministérios.

Por muito tempo se discutiu se a Seppir era algo meramente decorativo ou apenas um instrumento de controle do governo junto às várias entidades de movimento negro. Com o passar da gestão Lulista, a Seppir foi agregando funções de acordo com a demanda e passou a atuar como um portal de informações e proteção dos direitos dos indivíduos e grupos raciais e étnicos alvos da discriminação e demais formas de intolerância.

Lula deixando o governo, como ficará a Seppir? Essa é a pergunta que não quer calar em várias entidades que hoje se apoiam nas ações da secretaria. A Dilma Rousseff(PT) fez compromisso de continuar priorizando as bandeiras dos movimentos sociais.Serra até agora não falou.

O debate sobre a temática ainda é fragilizado em vários meios sociais.O que muitos chamam de “supremacia de raças” se chama na Seppir: políticas públicas.

Ouvindo a voz dos movimentos sociais, no ano de 2003 foi instituída a Lei 10.639, que determina a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana nos currículos escolares.

Em 2009 veio o Programa Institucional de Iniciação Científica (Pibic) oferece bolsas de R$ 360 por mês para estudantes que entraram na universidade por alguma ação afirmativa.

Já em maio de 2010, A Seppir começou a coordenar o Programa de Concessão de Bolsas de Mestrado e Doutorado para apoiar a produção científica de estudantes negros.
Para as comunidades de quilombos a marca do governo foi o Programa Brasil Quilombola (PBQ) que visa proporcionar aos quilombolas acesso a serviços e bens básicos, como saúde, educação, moradia, energia elétrica e o direito à terra.

Cerca de 400 cartas, 1.200 e-mails e 2.800 telefonemas foram recebidos e atendidos mensalmente pela Ouvidoria da Seppir, segundo o órgão. As demandas vão de orientações sobre como proceder em casos de discriminação a encaminhamento de denúncias de racismo.

Uma nova era com certeza para o desenvolvimento do movimento negro no país. A “dívida histórica” que muitos sociólogos apontam está diminuindo.Resultados para mostrar com certeza tem. O Lula vai, mas o movimento fica.

Os resultados efetivos mostram o despontar da participação mais efetiva dos movimentos sociais na sociedade. Negros, ciganos, representantes de religiões africanas, quilombolas...todos saem fortalecidos e com chances reais de sobrevivência e participação nos próximos quatro anos.

Um novo presidente, um novo desafio.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Ex-técnico do Flamengo cogita que discriminação racial PODE ter motivado sua demissão. "Pode ou foi?"



Por Maria José Cotrim

Nos campos, correndo com a bola nos pés e mostrando talento: lá estão eles os jogadores de futebol. Em sua maioria, negros. Robinho, Ronaldinho Gaúcho e outros. Dizem que não há área em que o negro seja tão contemplado e participativo do que no futebol...

Neste domingo, 13, o campeão brasileiro pelo Flamengo de 2009, o técnico Andrade deu uma entrevista onde mostrou as vísceras do futebol brasileiro.

Ele ficou sete anos no Flamengo superando 19 equipes no Brasileiro e conseguiu dar uma vitória ao clube depois de 17 anos mas ainda assim foi demitido. Hoje, está a quase cinco meses esperando uma proposta para voltar a atuar.

Sobre a demissão em abril do ano passado...ele revela que não entendeu o porquê, nem ao menos foi lhe apresentado um motivo plausível.Ele atribuiu questões políticas e inclusive a possibilidade de PRECONCEITO RACIAL.

Não há negros no comando dos times da Série A do Brasil: isso é fato! E, nessa hora, justamente nessa hora de buscar uma justificativa para sua saída, o técnico cogita essa possibilidade mas como ele mesmo afirmou na entrevista, prefere não acreditar.

É sempre assim....é característico do senso comum preferir não acreditar que a discriminação racial tá aí solta passando por vários setores e áreas. Não me estranha que ela tenha chegado aos campos de futebol.“ Enquanto houver sol, o sonho continua”, disse o técnico na entrevista onde se emocionou por várias vezes.

O técnico chama atenção para a falta de oportunidade para exercer a função de técnico e disse que muitos amigos chamaram sua atenção para a discriminação nesse caso.

Acontece que não só os famosos, mas todos nós, não podemos usar a discriminação como mecanismo de fuga. "Pode ter sido ou foi discriminação?"__ Isso precisa ficar esclarecido!

Se não houve uma explicação para sua demissão, o técnico deve buscá-la. E se houver indícios de discriminação, por qualquer motivo que seja, está aí a oportunidade para um passo importante no combate á esse “mal social” em nosso país e nas repartições.

O técnico frisou muito na entrevista, sua experiência e qualidades...mais um motivo para continuar na sua carreira e buscar espaço em outros clubes.

Será que quando estava no clube, Andrade sentiu algum vestígio de discriminação? Ou Será que foi apenas a falta de técnicos negros à frente dos clubes que fez com que ele levantasse esse argumento?Não sei mas queria saber...

Os dados mostram que no perfil da classe média brasileira os negros foram os que mais ascenderam socialmente integrando hoje a classe média brasileira. Os desafios estão aí todos os dias, as faltas de oportunidades também....o problema é que muitos só se dão conta quando perdem espaço.

Esse caso do Andrade e muitos outros são flagelos do processo de socialização da ocupação dos negros nos espaços de poder. Nos tribunais, na mídia, no futebol...as barreiras estão começando a ser quebradas e as reações a esse processo são adversas. Cada um tem a sua!

Para combater a discriminação, ela tem que ser punida, principalmente quando envolve empresas e organizações.

Idioma mais falado no Sul de Moçambique terá dicionário a partir do ano que vem

Será publicado no ano que vem o primeiro dicionário do idioma xiChangana, o mais falado no Sul de Moçambique, também presente na África do Sul e no Zimbábue. Quatro pesquisadores do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane trabalham no projeto, que é o primeiro do gênero no país.

“A línguas maternas devem ter a oportunidades de se desenvolver. Estamos a trabalhar em gramáticas e dicionários para que os demais idiomas do país se modernizem. É importante para nossa história e preservação da nossa identidade”, diz o coordenador do trabalho, professor Armindo Ngunga.

Já existem dicionários que traduzem os idiomas falados na África Austral, praticamente todos de origem banto, para o português e o inglês. Mas a iniciativa de enumerar as palavras em xiChangana, explicando seus significados na própria língua, é inédita.

O idioma oficial de Moçambique é o português, mesmo sendo a língua materna de apenas 6% da população, de acordo com o Recenseamento Geral de 1997. Na mesma pesquisa, apenas 40% da população declararam que sabem falar o idioma. O percentual é bem mais elevado na capital, Maputo, próximo de 90%.

O português divide o território com mais de 20 idiomas, entre eles o barwe chinianja, chona, chope, echuwabo, ciyao, kunda, lolo, elomwe, maindo, makhuwa, maconde, mwani, xiChangana e zulu.

"Os moçambicanos conquistaram e domesticaram a língua portuguesa”, afirma Ngunga. “Mas isso não dá o direito de se sobrepor ao ponto de aniquilar as demais”, diz ele.
(Fonte: Agência Brasil)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A-N-A-F-A-L-B-E-T-I-S-M-O Tatuísta!



Por Maria José Cotrim

AYÊ companheiros!

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou que no Brasil pouco mais de 14 milhões de pessoas são analfabetas em nosso país.

O levantamento é do ano passado e mostra algo que chamou minha atenção: “A maior concentração de analfabetos foi registrada entre as pessoas pertencentes aos grupos de idade mais elevados: 92,6% deles tinham 25 anos ou mais de idade”, consta na pesquisa.

A taxa é crescente de acordo com a idade, um perigo! Essa mesma pesquisa mostra que o ensino público no Brasil melhorou e atinge mais jovens hoje. O analfabetismo é um dos males permanentes de nossa sociedade brasileira. A taxa de pessoas nessa condição oscila mas eles sempre estarão nas estatísticas.

A área da educação é a que mais tem tido esforços do governo federal e mais envolvimento de várias entidades em todos os estados brasileiros. A mudança nesse quadro está sendo gradual no intuito de "banir" os analfabetos, principalmente os funcionais que sabem ler e escrever e não entendem nada.Não interpretam.

Esses são pouco mais de 60% da população brasileira.

O analfabetismo, como vários outros aspectos sociais, está ligado às condições de vida as quais o indivíduo está submetido, ou seja, depende extremamente da situação social.

Na minha pequena Igaporã, por exemplo, cidade baiana com cerca de 15 mil habitantes, as adolescentes vão morar em casas de família em troca de um valor miserável por mês e por um prato de comida. A desculpa de sair da zona rural para ir para a cidade é a necessidade de estudar.

Mas como estudar e aprender sendo que esta menina acorda cedo para as atividades domésticas, já vai para a escola cansada e mal tem tempo para se dedicar às atividades escolares? Ela pode sim se for esforçadinha aprender a ler e escrever.

Deixou de ser analfabeta, se continua vivendo em um ambiente tão monótono que não desperta nela nenhuma criticidade? Ela não é só funcional...Aí caímos num novo tipo de analfabetismo que vou intitular de : tatuísta.

Esses analfabetos sabem ler e escrever o nome e até coisas mais difíceis ortograficamente falando mas na hora de interpretar e analisar vários aspectos é igual tatu: se recolhe! Daí o tatuísmo.

O funional lê, lê, lê, os tatuístas acham que já sabem de tudo, afinal conseguem até diplomas.

Existem vários tatuístas em nosso meio, muitos com profissão, alguns médicos, advogados....jornalistas! É um anafalbetismo que você sente quando senta numa mesa para tentar manter um diálogo.O indivíduo tem dificuldades de discutir por falta mesmo de conhecimento ou, na maioria das vezes, por preguiça de estabelecer o diálogo.Pre-gui-ça!

Um anafalbetismo que não deixa o indivíduo ter posturas mais críticas acerca do espaço que vive.Seres limitados.Até são informados, lêem muito, acessam internet, ocupam cargos importantes mas não assimilam o que estão consumindo.E nem ligam com isso..afinal são tatuístas,ignoram a própria ignorância.

Esses analfabetos estão aí à solta arrotando sabedoria e conseguindo superar os "funcionais" na falta de compreensão da sociedade moderna e dos fenômenos que fazem parte dela, muitos com destaque social mas quando a coisa aperta sempre recorrem ao buraco, igual o tatu.

Afinal, para os tatuístas o melhor mesmo é ser comum, vazio...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Cissa e as Cissas do Brasil...



Por Maria José Cotrim

Boa tarde companheiros!

Tenho visto há um mês e meio em vários veículos de comunicação, principalmente os da internet, a repercussão do caso da morte de Rafael Mascarenhas, o filho da atriz Cissa Guimarães, da Globo, vítima de um acidente aos 18 anos de idade.

Depois da investigação policial do caso, reconstituição do crime e tudo o caso continua à tona com foco no estado emocional da atriz.

Já vi matérias mostrando a Ciça junto com amigos de Rafael, pixando um muro perto do local do acidente. Vi também a atriz abraçando uma árvore perto de onde foram enterrados os restos mortais do jovem.

E nesta segunda-feira, 6, vi uma matéria dizendo que a atriz continua abalada e está fazendo a “terapia do Luto” que tem como objetivo, conforme consta na matéria, "readaptar uma nova e aparentemente ilógica realidade" nos casos em que filhos tão novos morrem.

A psicóloga que está atendendo a atriz, Adriana Thomaz, explicou que identificou uma necessidade da atriz voltar aos palcos para ajudar a superá-la a ausência do filho.
Cissa, por sua vez, recomendou que vários pais e mães que passaram por este mesmo “pesadelo” também façam a terapia.

Falar da morte ainda é muito doloroso em nossa sociedade, por que a forma de encará-la ainda é de apego material total. Fiquei imaginando ao acompanhar esse caso da Ciça os vários casos de mães de famílias, que não são famosas, e que passam todos os dias por essa situação de perda.

Seja a mãe que mora nas favelas, nos grandes centros, ou aquela que vive numa comunidade mais tranqüila e ainda assim perde um filho por uma fatalidade. Em muitos casos, principalmente alguns de bala perdida, a mãe é quem sustenta a casa e já no mesmo dia em que enterra o filho precisa continuar na luta por um trabalho para sustentar a casa.

Outras mães, perderam também os filhos e nem sequer sabem se estão apenas seqüestrados, se fugiram ou foram brutalmente assassinados. Essa convivem com a dor e a incerteza de saber ao menos o paradeiro.

Muitos desses casos não temos a oportunidade de acompanhar como o da Cissa, que tem notoriedade, mas é bom saber que existem todos os dias nesse país que carece de uma segurança pública e combate ao crime organizado mais eficaz.

As Cissas do Brasil não estão nos jornais e nos Sites de notícia mas estão todos os dias buscando as formas de superação para um cotidiano tão desigual e ainda injusto. As Cissas estão por aí, em todos os cantos desse país e sem direito à terapia do Luto, infelizmente!