quinta-feira, 23 de setembro de 2010

São as peças do tabuleiro da moralização na política brasileira...



Por Maria José Cotrim

Netinho de Paula, Edson Santos e Boca Nervosa. Netinho de Paula, cantor, apresentador e agora candidato ao Senado tem sido alvo de polêmica na imprensa.Segundo as pesquisas divulgadas até o momento Netinho é um dos cotados para conseguir uma vaga no Congresso Nacional.

Alvo de denúncias por causa de problemas conjugais com a ex-esposa, Netinho nesta campanha assumiu erros e defendeu a Lei Maria da Penha que condena agressores de mulheres.

Mesmo sendo da igreja evangélica afirmou em entrevista que não tem nada contra a união estável entre pessoas do mesmo sexo. "Nós do PCdoB e da base aliada de esquerda acreditamos que isso [casamento gay] é legítimo. A pessoa que ama pode escolher com quem quer viver", disse ao Portal G1 completando ainda que o assunto não tem nada a ver com convicções religiosas.

O cantor da “Cohab” e de outros sucessos junto com a Negritude Júnior é o mesmo que através de um programa no SBT realizou vários sonhos das chamadas “princesas”.

Edson Santos, é o ex-ministro da Seppir que disputa uma vaga de deputado federal pelo Rio de Janeiro. À frente da Secretaria coordenou a pasta e mesmo saindo de lá continua sendo um aliado importante na luta da Igualdade racial.

Em tempos de aprovação da Ficha Limpa que selecionará os candidatos do futuro, uma renovação surge na política brasileira. Ainda não é a reforma política que trará uma redemocratização do Estado de Direito mas é o início sim de uma nova era.

E esse novo tempo passa com certeza por uma participação mais efetiva dos negros na política e principalmente no Senado Federal onde são feitas as alterações importantes na legislação brasileira.

Lá no Senado, o senador Paulo Paim lutou pela aprovação do estatuto da Igualdade Racial, até hoje o documento mais completo que propõe um conjunto de políticas públicas de reparação social. Com a resistência de outros partidos, o documento quase se eternizou no Congresso.

A reforma política passa principalmente pela qualidade dos representantes políticos. O Netinho e o Edson já são, independentes de ganhar ou não, lideranças políticas com representatividade étnico-racial forte e importante para a democracia. Muitos já perceberam e tentam desqualificar esse fator. Não é só de números de negros, brancos ou amarelos que estou falando.

A questão étnico-racial é ainda foco de vários candidatos desse pleito, uns como uma certa pitada de humor como o “Boca nervosa” que concorre a uma cadeira na Câmara Federal. Ele foi escolhido como um dos candidatos com slogan mais engraçados: “Dê uma chance para esse negão bronzear o congresso”, diz no horário eleitoral.

É ligado à cultura, é músico mas na política preferiu potencializar o apelido sendo assim alvo de muitas piadas.

O país urge de agentes do processo político com sede de renovação e moralização da democracia. E no dia três de outubro é que serão escolhidos os elementos desse processo.

Enquanto isso os "Bocas Pequenas" ironizam o processo e brincam de fazer política.São assim as peças do tabuleiro d amoralização da política brasileira.

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