segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Os Capueiras e o desafio de manter uma família unida e forte



Por Maria José Cotrim

Vi e co-participei de uma cena esse fim de semana. Não querendo fazer desse espaço um diário mas realmente me intrigou uma reunião de família da qual participei neste domingo, 27. Era a comemoração dos 64 anos de casamento de um famoso casal que educou 13 filhos e mais de 30 netos...

Com grande parte da família reunida era visível a união. E, depois quando foi anunciada uma reunião primeiro com os irmãos, depois com os jovens e depois com as mulheres da família fiquei mais intrigada ainda. Num mundo em que perdemos tantos jovens para os vícios será que atitudes como essa fazem a diferença?

Tenho certeza que sim. Com a banalização dos relacionamentos e com o esquecimento parcial ou total da formação da família e dos valores e preceitos fundamentais fica difícil controlar a vida dos filhos e proporcionar uma vivência harmoniosa entre os familiares. A família é conhecida como “Os Capueiras”.

O patriarca, Sr. Sebastião,contou-me alguns segredos que parecem impossíveis num mundo em que o computador toma mais tempo do que uma boa conversa em família. “È obrigação de cada um fazer sua parte na família”, disse ele. O fato é que o natal ainda é talvez a única ocasião em que a família se sinta na obrigação de estar reunida em volta da mesa.

Se falta estrutura dentro da própria casa tudo sai do lugar...essa foi a mensagem passada ontem num ambiente em que a comida, as histórias e a harmonia familiar prevaleceram. E, externando ainda esse desejo de união, a família tem uma Associação que presta serviços à comunidade: A doação ultrapassou os laços familiares e beneficia também outras pessoas.

Minha mensagem hoje é a de que o argumento da falta de tempo não cola mais. Se falta tempo para a família, para o diálogo... com certeza isso vai se refletir nas ações dos integrantes da família. Não sei se em pleno século XXI a família está entre os quesitos mais importantes para as pessoas, mas tenho certeza que ela ainda é o melhor caminho para uma vida mais saudável em sociedade.

Sem discursos moralistas: pergunte a um adolescente que nunca estudou porque ele vende droga? A um homem que cresceu na favela e está preso porque roubou?Porque faltou família, faltou base...o caule é fraco,as folhas e frutos também porque não houve raiz. Que em 2010 cada um busque uma reflexão em torno dos valores familiares. Eu tenho o privilégio de estar entrando na família Capueira, já com a meta de fazer minha parte para fortalecer a união entre a querida “Raça”,como é chamada por alguns.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Fim de ano expõe despreparo das empresas de transporte no Tocantins



Por Maria José Cotrim

O Procon é um dos órgãos com a função social mais necessárias à população mas infelizmente ainda não é muito conhecido entre os populares, por que se fosse, com certeza algumas empresas prestariam um serviço de mais qualidade. Se para o consumidor é preciso se preparar, em todos os sentidos, para este clima de natal que envolve o mundo, para quem presta serviços a regra não é diferente.

Viagens, presentes, festas...tudo tem que ser planejado. E é a falta dessa palavra “planejamento” que me levou hoje a escrever sobre a falta de preparo de algumas empresas de transporte alternativo para lidar com o intenso aumento no fluxo de passageiros que decidem viajar nessa época de fim de ano.

Não é preciso ser empreendedor nem ter muito estudo para saber que se a demanda aumenta a oferta imediatamente tem que acompanhar, essa é a primeira falha de algumas empresas. No trecho de Palmas a Gurupi por exemplo, uma empresa colocou mais um ônibus que saí diariamente ás 13 horas, só que esqueceu de alguns detalhes: o ônibus “extra” era menor e esqueceram ainda de avisar os passageiros que aguardam costumeiramente nos outros pontos da saída da cidade e ainda na Sub-Rodoviária de Taquaralto.

Até o motorista revelou que não estava meio por dentro do assunto. “Ta vindo outro aí atrás”, disse ele a um grupo de doze pessoas que aguardavam na Sub-rodoviária. Detalhe: não tinha outro ônibus. A ordem da empresa era para não pegar nenhum passageiro que estivesse sem passagem. Um outro significativo detalhe foi deixado pra trás: as pessoas não sabiam disso.

Algo que chamou também minha atenção, pois estava em um desses ônibus é a falta de preparo e de paciência do motorista, que no mínimo deve ser mal amado ou coisa parecida, e acha que todo mundo e culpado disso. Quando um rapaz lhe pediu o telefone da empresa para pedir que encaminhassem mais um ônibus ele disse: “Moço, num sei o telefone não”. Na boa: Ou ele é um funcionário tão desinteressado que nem o telefone da empresa sabe ou é um inocente hipócrita.

As pessoas estavam desesperadas, gente que estava desde as seis da manhã aguardando um ônibus e todos passavam mas não pegavam por causa da “bendita passagem” que ninguém nem sabia que tinha que ter.Os argumentos eram muitos : carne que estragou com a demora, parente doente..tinha gente até que tinha que pegar ônibus em outro município e já estava com passagem marcada.

Mesmo que esse ano o fluxo tenha superado as expectativas das empresas que rodam no interior, a falta de preparo era notável. Faltou iniciativa de algumas empresas que com certeza perderam até a oportunidade de faturar mais se tivessme monitorando a quantidade de passageiros e colocado ônibus de acordo com a demanda.

E nessa confusão que se repetia a cada rodoviária e/ou ponto de ônibus restou aos passageiros que conseguiram lugar no ônibus aguardar sentados nas poltronas com a certeza de que a chegada nos seus destinos iria com certeza atrasar...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O que fica em 2009 e o que vem com 2010?



Por Maria José Cotrim

“Que os sonhos se realizem, muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender...” diz um canto de natal típico das ceias natalinas em família. Mas fim de ano, natal e ano novo podem até não mexer de fato internamente no ser humano mas que o povo finje bem, é certeza! O clima de cordialidade de confraternização abafa por alguns dias os fatos marcantes diários que afetam a vida em sociedade.

Mas que pelo menos tentamos fazer de fato uma reflexão do que fizemos e do que almejamos, ah isso sim. Bem...vamos lá! Tenho motivos de sobra para pensar em 2009 e planejar 2010 porque em minha ainda curta mas intensa história de vida esse ano foi o que eu mais tive que aprender a dar o tal do “valor absurdo na vida” que tanto falam.

Comecei o ano sem metas e resolvi morar a 40 km de Palmas, como nada tinha sido planejado... retornei meio endividada só com a cara e a coragem após dois meses de regalias e me permitindo aos bel prazeres da vida de uma jovem “rebelde”. Depois dessa de “eu não sei pra onde vou” até que consegui resgatar uns espaços perdidos e evoluir como pessoa...Intensifiquei as atividades no movimento negro, to morando como Mário que sempre faz umas “consultas psicológicas’ de graça, conheci a professora Maria Aparecida que me implusionou a correr atrás dos sonhos...

Fui à Brasília doze vezes, pra São Paulo com meu melhor amigo Glauber, que aliás é um grande “bem” que levo de 2009. Encontrei um grande amor em 2009...estudei muito sobre Comunicação e escrevi constantemente sobre “Igualdade Racial”... Retornei ao Site Roberta Tum, de onde nunca deveria ter saído devido ao crescimento profissional que este veículo me proporciona....

Vi muita gente famosa de perto como meu ídolo, o jornalista Maurício Pestana e o Milton Gonçalves que vale ressaltar...disse que eu pareço a filha dele. Mas o que mais levo de 2009 para 2010 é que esse ano comecei a trilhar um caminho rumo às minhas pretensões profissionais, fiz realmente sem exagerar....muitos amigos e companheiros do movimento pelo Brasil afora.

E como ninguém é perfeito...dei muita dor de cabeça prum povo aí que se incomoda com a felicidade alheia. Mas o saldo é positivo... Que venha 2010 para que Maria José continue na luta e na lida, como costumo dizer, na luta pela Igualdade Racial e consciente da necessidade da contribuição para um mundo mais justo. Fica em 2009 todas as mágoas e ressentimentos, vem com 2010 a esperança de dias melhores e a certeza de que como diz nosso presidente Barack Obama: “SIM,NÓS PODEMOS!”.
AYÊ E FELIZ NATAL A TODOS!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

As domésticas negras e o possível piso salarial de R$ 620



Por Maria José Cotrim

Com o fim de ano vem a falsa impressão de que vem mais dinheiro no bolso. A expectativa pelo décimo terceiro é tão grande que muitos já gastam o “salário extra” antes mesmo de dezembro.Mas dentro desse assunto hoje eu li uma manchete nacional que me fez refletir.

A notícia dizia que no Rio de Janeiro já começaram as negociações para o reajuste do piso regional de 2010. Mas o que abismou é a projeção para o aumento do salário das domésticas que segundo a proposta do Conselho Estadual do Trabalho pode saltar de R$ 512,67 a R$ 620,33.

Segundo a informação, o piso beneficia hoje mais de 1,8 milhão de empregados da iniciativa privada no Estado do Rio. Pena que a realidade é diferente e preocupante. O piso com valor maior vai de fato, chegar no bolso das trabalhadoras domésticas? E as situações de trabalho são dignas como estabelece a Constituição?

A relação ainda é servil ou de compartilhamento de atividades?Essas perguntas refletem como ainda é preciso repensar essa questão, isso porque ainda não disse que conforme os dados atuais revelados pelo Ministério do Trabalho, as mulheres negras ganham menos que as brancas. È fato!Como domésticas, as negras recebem um salário 50% menor, chegando a trabalhar até 12 horas por dia.

Outra questão é com relação às atribuições, os dados mostram ainda que as domésticas negras desenvolvem tarefas que estão fora de sua área profissional, como outros serviços não tem nada a haver com os serviços domésticos.

E nem precisa de pesquisa para saber que embora as domésticas façam além das obrigações básicas não são reconhecidas e ganham muito menos do que é estabelecido.
Sem discurso moralista mas trabalhando com os fatos.... o que se vê no fundo das cozinhas ainda é alarmante principalmente nos interiores.

Esse piso salarial é um avanço em termos trabalhistas e de assegurar os direitos destas trabalhadoras mas precisa ser incorporado na realidade e para isso é preciso mobilização do poder público e destas bravas mulheres fazendo cada uma sua parte na luta contra a exploração do serviço doméstico.

Ouvi um dia desses que ser mulher já é difícil. Mulher e negra então...pior ainda e se for mulher, negra e doméstica é o fim.... Tá na hora de começar a mudar isso!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Apagão em Brejinho de Nazaré: Formatura à moda Celtins



Por Maria José Cotrim

O que poderia entrar para a história do município de Brejinho de Nazaré como um show à parte de glamour e realização de sonhos ficou infelizmente marcado apenas como uma noite às escuras. Estavam todos e todas lá lindos,,,, bem vestidos numa beca que só! O que falo não pude ver pessoalmente não só pela falta de luz mas porque como muitos nem cheguei a ir até a igreja da pequena Brejinho de Nazaré neste sábado, 19 de dezembro.

Depois de meses na preparação e na expectativa na hora H de colar o grau solenemente para fechar os anos de ensino médio, a energia do município de Brejinho foi-se embora. Só foi a chuva ameaçar cair e ela já se foi.À espera na igreja estavam os pais,mães,professores,parentes e principalmente eles...as estrelas da festa:os formandos!

Sem saber o que fazer com a demora para a luz voltar, a direção optou por improvisar e fazer a cerimônia à luz de velas. O fato não agradou é claro, mas foi o mais viável diante da situação já que a esperança era que a energia voltasse à qualquer momento. Pena que isso só aconteceu por volta das 23 horas,depois de tudo terminado.

Mesmo sem luz, quem participou narrava no dia seguinte a insatisfação dos alunos que formaram. Tanta preparação foi “abafada”por uma queda de energia. O baile da noite também foi cancelado e transferido para o outro dia. Tive o prazer de ser convidada para ser a madrinha da turma e resolvi aguardar a energia voltar para ir para a cerimônia....Mas como alguns formandos que tiveram a mesma atitude perdi a colação de grau.

Mas é inevitável não dar razão aos deputados estaduais que reclamam da freqüente queda de energia nos municípios do Estado. Paulo Roberto (PR) disse que Taguatinga ficou uma noite toda à luz de celulares por falta de energia... Em Ananás, segundo o deputado César Halum (PPS)” È só um cachorro fazer xixi no poste e a energia já vai embora”, disse ele um dia desses em plenário.

Uma audiência pública para discutir o assunto foi marcada na Assembléia, mas encima da hora teve que ser desmarcada e provavelmente aconteça apenas no próximo ano. Como pagar caladinho a conta do fim do mês e não cobrar uma prestação de serviços de qualidade?se a reclamação é geral...onde está o problema?É incoerente o Tocantins ser um Estado gerador de energia e viver esse mal com tanta freqüência...

Até o governador Carlos Henrique Gaguim (PMDB) já reclamou da atuação da empresa responsável pela prestação dos serviços de energia no Tocantins. A solução seria mesmo então vender a Celtins como quer o governo?Só sei que enquanto não forem tomadas medidas concretas com relação á esse assunto não serão só formaturas que terão que acontecer `as escuras outros danos fatais podem acontecer. Tem gente que precisa da energia para viver, guardar remédios e até para salvar vidas!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A desbotada e o Made in África de “Caras e Bocas”



Por Maria José Cotrim

Quem assiste a novela global Caras e Bocas que em alguns estados, em virtude do horário de verão, passa ás oito horas, no caso do Tocantins pode poupar as idas á espetáculos de comédia. Não tem como não se divertir com as trapalhadas do casal Caco e Aláide que tem no centro da trama uma relação marcada pela diferença de cor.

Caco, um moreno pedaço de mal caminho, vale ressaltar,é chamado pela família de Alaíde de “Made in África”, já a mãe dele apelidou a nora Alaíde de “desbotada”.Os termos fazem alusão á questão da cor, mas não só isso. Entendo que o autor quis mostrar a aceitação ou falta dela entre relacionamentos afetivos de uma forma diferente. Em nada dá para comparar no contexto vivido por Débora Falabela e Lázaro Ramos em "Duas Caras"em que o favelado ganhou o amor da patricinha Donzela.

Não noto em nenhum momento da trama que a implicância vai além dos termos pejorativos. Não sei se vibro ou me preocupo com isso, pois do mesmo jeito que a troca de farpas entre os integrantes da família se manifesta de forma superficial, ela reforça o que existe no consciente social de muitas pessoas.

Quantos casais não já foram impedidos de ficar juntos por causa da cor? Inúmeros! Quando me relacionei com uma pessoa a mãe dele disse que queria netos gêmeos um preto e um branco. “O branco você me dá e fica com o preto”, disse ela certa vez. Velado ou não esse preconceito na formação das famílias ainda é um obstáculo para a sociedade.

Ouvir um companheiro do movimento dizer que ainda é de abismar quando se vê uma loira beijando um homem negro. A questão é cultural e reflete o padrão eurocêntrico ainda existente nas famílias brasileiras. Na relação de Caco e Alaíde é bem explícito a questão cultural ainda imbutida e enraizada e um detalhe: das duas partes!

Não sei até que ponto cada um dos milhares de brasileiros que acompanham a novela levam em consideração os freqüentes “bate-bocas” da trama pela questão racial... nem até que ponto o autor consegue tocar na questão e reproduzir um pouco da realidade.Isso só os Cacos e Alaídes da visa real é que podem dizer!

sábado, 12 de dezembro de 2009

Disney lança filme com primeira princesa negra da história



A princesa e o sapo' chega aos cinemas neste fim de semana.
Heroínas ganham reforço com Tiana, a primeira negra do time.


Neste fim de semana, chega aos cinemas a animação ‘A princesa e o sapo’, mais uma aposta da Disney em sua turma de princesas, que é fenômeno entre meninas de todo o mundo. O novo longa-metragem apresenta a princesa negra Tiana, que traz diversas inovações ao time em relação à forma que representa a mulher no imaginário das crianças. Conheça mais sobre a personagem:

TIANA
‘A princesa e o sapo’ (2009)


Em tempos de Barack Obama, a Disney aposta na primeira heroína negra da história do estúdio. O cenário também é inusitado, a New Orleans do início do século, na era de ouro do jazz. Tiana é a primeira do panteão de princesas a trabalhar fora, como garçonete, mas acaba servindo uma branca rica. Apesar de sua beleza, ela passa a maior parte do filme transformada em um sapo, ao lado de um príncipe boêmio, falido e amaldiçoado, longe de estereótipos anteriores. E desta vez, a mocinha é a racional da história, e ele é o romântico.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Um Canto para a Liberdade



Por Maximiano Bezerra*

O Tocantins é um dos quatro Estados integrantes do chamado ciclo do ouro ocorrido nos séculos XVll e XVlll e que portanto teve a sua origem e desenvolvimento na exploração da mão de obra escrava africana.

Segundo o censo do IBGE ano 2000, cerca de 75% da população do Tocantins se declara como negra, portanto a maioria absoluta. Entretanto, esse percentual ainda não foi suficiente para que essa população seja contemplada nos organogramas das instituições de Educação, de Cultura, de juventude e de turismo, nem pública e nem privada.

Em se tratando da lei 10.639/2003, O Tocantins é o único no território nacional que não possui em nenhuma de suas secretarias de educação uma diretoria, coordenação, ou correlato que cuida da implantação e implementação dessa lei.

Para que possamos entender a importância dessa lei, ela foi uma das primeiras que o presidente Lula criou logo que se tornou presidente. Uma lei que tem o propósito de evidenciar uma parte importante da História do Brasil que por séculos foi negada, a História dos afrodescendentes que contribuíram diretamente para o desenvolvimento de nossa nação em todos os aspectos e que por questões óbvias até o momento não foi se quer inserida no currículo escolar.

Uma lei que põe em evidencia a discussão contra o racismo no ambiente escolar; uma lei que proporciona ao aluno negro e não negro a oportunidade de conhecer a contribuição da História africana na formação de nosso povo.

A não efetivação dessa lei como política de governo envergonha e exclui milhares de alunos negros que hoje povoam as salas de aulas das instituições de ensino do Tocantins do acesso à sua História, sociedade e cultura.

Negar a contribuição da população negra na História do Tocantins é supervalorizar a História de apenas cerca de vinte por cento da população.
A finalidade desse texto é manter viva a História dos milhares de negras e negros vieram para o Tocantins no período mais inóspito de nossa História e aqui deram suas vidas literalmente para construir as riquezas que hoje usufruímos.

É para que o grande sonho da liberdade pelos quais tanto lutaram não emudeça.
E quando o grande dia da esperança chegar a cada lar e em cada coração encontrar uma porta aberta haveremos de celebrar aquele que será o grande dia que entrará para História como o maior canto que a humanidade pode entoar...
Nesse dia o povo negro cessará a sua marcha em favor de cotas, ou de políticas afirmativas;

Nesse dia o povo negro iniciará uma dança infinita;
Nesse dia o povo negro sentirá orgulho do seu trabalho e da sua cultura;
Nesse dia gritaremos com alegria o grito que nossos antepassados não conseguiram proferir... Viva a liberdade! Viva a liberdade!! Viva a liberdade!!!.

(Maximiano é historiador,presidente do Fórum Estadual de Educação e Cultura Afro-Brasileira do Tocantins,poeta e escritor)

Alguns discursos "em prol" da Igualdade Racial no Tocantins

Bom dia Companheiros... sexta de branco...De Oxalá! Hoje resolvi ousar um pouco e falar de uns homens que se fazem presentes na luta pela Igualdade racial do Estado. Infelizmente se dependêssemos da defesa deles para nossa causa estaríamos literalmente ferrados.

Um deles Chegou a pouco tempo e nessa de composição de governo acabou sendo cotado para assumir uma secretaria.O nobre cidadão, que nada tenho contra,me impressionou com um discurso que proferiu em um certo evento na capital. “Os quilombos ...os quilombolas....(>>>) OS QUILOMBOS E QUILOMBOLAS”, disse ele. Não deu para disfarçar realmente ele não sabia a que tava se referindo e na dúvida foi até inteligente e colocou os dois termos.

Tranquilo...até entendo a falta de informação sobre o tema mas custava ao menos dar uma lidinha antes?Fui conversar de perto com o cidadão e ele tinha na ponta da língua o número de comunidades quilombolas do Estado... pena que ele também não sabe se o “Estado pode...não pode....aliás pode” implementar algumas políticas para a comunidade negra.

Um outro homem, este por sua vez político de grande notoriedade no Estado ficou perplexo quando chegou em um evento da capital e a temática era a igualdade racial.Sem ter o que falar sobre o tema, usou sua lábia política e seus 5 minutos de fala para ressaltar a trajetória de uma profissional da comunicação que estava presente no evento. Ainda bem que ela estava no evento senão não sei mesmo o que ele iria falar a não ser: “O racismo existe, inclusive na escola....e estamos à disposição para qualquer coisa, obrigado”.

Um outro discurso marcante foi de um representante do Estado que errou o nome de uma das comunidades quilombolas do Estado (isso porque o discurso dele estava sendo lido...). “Temos a comunidade de MOLHADINHA...”, disse ele seguindo o discurso até que sua assessora deu um toque. “É MALHADINHA ...”,falou ela desesperada diante do riso de algumas pessoas presentes que perceberam a garfia.

Falta de informação ou de conhecimento eu não sei. Pode ser normal que esses equívocos levem essas personalidades a se referirem á causa da igualdade racial com tanta... falta de atenção.Não estou aqui para julgar é só para mostrar que a inserção da temática nos espaços de poder e junto aos líderes políticos ainda é fraca. Desde errar o nome de uma comunidade quilombola de forma bizarra até a não ter o que falar e se apegará homenagens oportunas e superficiais à alguém presente.

Mas certo mesmo está é o representante maior do nosso Estado que foi mais precavido e resolveu nem falar da temática até hoje desde que assumiu...prefiro nem pensar o tipo de garfia que ele iria dizer sobre o tema. Mas quem sabe depois de cobrar de Barack Obama o desenvolvimento do Estado lá no exterior...ele não volte um pouco mais sensibilizado com a causa.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O direito nem sempre vem acompanhado do respeito...



Por Maria José Cotrim

Caros amigos... Nesta quinta passei uma manhã meio turbulenta em que tive que vencer meus medos e vestir a face de uma mulher determinada e consciente dos direitos. Hoje senti na pele que grande parte da população é acomodada com relação a cobrar seus direitos, por menor que ele seja.

Ao enfrentar uma etapa única de batalha judicial para conseguir receber valores referentes ao trabalho que prestei junto á uma empresa de Comunicação, me passou um filme na cabeça.Eu naquela sala com toda aquela pressão de olhares e bate-boca e dentro do peito um sentimento de que o DIREITO deveria falar mais alto e imperar naquela decisão.

Da minha parte ele predominou, o respeito,mas da parte contrária infelizmente isso não aconteceu. Amigos, o fato é que depois da negociação financeira assinada me bateu uma sensação boa e gostosa. Era a sensação de dever cumprido,de ter ido atrás de meus direitos e ter conseguido.

E digo hoje que é difícil mesmo ir á luta dos direitos, mas a vitória é boa demais e compensa. Trago essa discussão ainda para nosso movimento negro,pois as vezes reclamamos de coisas que para nós faz a diferença e “alguns” que não conhecem e são proprietários de um discurso pronto e acabado criticam e dizem que queremos demais, que exigimos coisas absurdas.

Mas o que é absurdo diante de uma exclusão social gritante que aflinge a população pobre e maioria negra em nosso país? Quando tive que ouvir hoje na audiência que eu estava exigindo demais não consegui falar nada,pois não estaríamos ali se a parte reclamada cumprisse com seu papel diante dos serviços que prestei.

Minha mensagem hoje é de respeito.Nossa luta precisa seguir mas tomando o respeito como base,não é ceder por medo e sim lutar com firmeza sem agredir com quem precisamos dialogar e exigir as políticas públicas. O problema que aqui relato se resolveu com apenas uma audiência, diferente de nossa luta pela Igualdade Racial que ainda vai levar muitos anos mas algo tem em comum: a luta pelos direitos tem que predominar.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A aceleração de Gaguim e a implantação da Secretaria de Afrodescendestes do Estado



Por Maria José Cotrim

Temos no comando do Estado um governador que chegou mostrando serviço e propondo aceleração. Com o slogan “Acelera Tocantins”, Carlos Henrique Gaguim assumiu através de uma eleição indireta e prometendo trabalhar 24 horas pelo desenvolvimento do Estado, buscando colocar a casa em ordem,saldar as dívidas, resolver os pepinos....e por aí vai.

Desafios não faltaram nestes quase três meses à frente do governo. A causa da Igualdade Racial é um deles, que não é prioridade para o governo em virtude das questões orçamentárias e tal e coisa e coisa e tal... não vão faltar motivos para dizer que o governo “tem mais o que fazer” do que implantar gradativamente as políticas públicas para a comunidade negra.

No plano de governo tudo é geral, nada especificamente trata das políticas pontuais para as comunidades quilombolas e movimentos sociais, por isso defendo que o movimento negro do Tocantins busque um diálogo com o governo do Estado. Este governo que depois de mais de 15 anos equiparou o salário dos policiais militares e bombeiros do Estado tem a obrigação de estar disposto a selar acordo com os militantes da causa para priorizar nossas políticas e o atendimento às comunidades quilombolas.

Uma carta com 32 propostas relacionadas à Comunicação, negritude e poder, educação quilombola, saúde da população negra, capoeira, Hip Hop e religião foi entregue ao governador Carlos Henrique Gaguim no dia da Consciência Negra. Após caminhada nas ruas esperávamos que o governador nos recebesse no Palácio o que infelizmente não aconteceu.

Entre os pedidos da Carta estão a inserção no currículo das escolas do estado da temática e a criação de secretarias específicas para trabalhar as questões afro-brasileiras no Estado e nos municípios. Atualmente, o departamento que coordena as políticas estaduais é a Coordenação de Afrodescendentes da secretaria de Cidadania e Justiça.

O dia em que esta secretaria vier será um passo significativo e concreto para a luta da igualdade racial no Estado. Para os mais de 60% negros que vivem aqui e para uma grande maioria deste percentual que vivem em condições difíceis e isolados.À frente da causa racial hoje temos alguns companheiros como a jornalista Mariá Soares e o companheiro sociólogo e historiador,professor Luiz Benedito que na estrutura do governo fazem mais do que podem para levantar a discussão e atender as comunidades.

Precisamos de uma pasta com estrutura que comtemple as diversas áreas que envolvem a população negra. Não é pedir demais para um governador que criou mais um cargo de subsecretário na secretarua da fezenda por "questões administrativas e para melhorar o trabalho na pasta".

Estamos no mesmo ritmo que o governador e queremos também acelerar a discussão....o acesso às políticas e a parceria do Estado nos projetos e programas.Que venha a secretaria de Afrodescendentes para que o governo possa olhar com mais atenção e compromisso para a causa da igualdade racial em nosso Estado. Acelera Gaguim!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

2010: um ano sem recursos e investimentos para a comunidade negra do TO



Por Maria José Cotrim

Parafraseando um senador da república que representa o Estado do Tocantins: “2009 foi um ano negro para o Estado”. Na ocasião ele falava a 126 prefeitos do Estado para se referir que o ano foi de queda nas receitas e na arrecadação. Pois bem, vou usar esse termo do excelentíssimo senador para nesse mesmo sentido discordar e dizer que 2009 não foi um ano em que o Estado buscou uma discussão e desenvolveu ações para as comunidades negras urbanas e rurais do Tocantins.

O que falo é fato e pode ser constatado com uma simples visita em apenas uma das 22 comunidades quilombolas reconhecidas no Tocantins. Mas o que está em questão não é o termo utilizado pela autoridade e sim a falta da visibilidade do governo para as políticas públicas voltadas para promover a igualdade racial e reparação social.

O órgão gestor das políticas para os quilombolas do Estado é a secretaria de Cidadania e justiça que terá que fazer milagres com RS 59.654.421 milhões durante todo o ano como consta na Lei Orçamentária aprovada nesta quinta, 4, pelos deputados estaduais.

Arrecadação caiu? Sim! Os recursos estão escassos? Também! Mas o que impediu pelo menos um dos nossos 24 deputados estaduais de destinar em suas emendas parlamentares avaliadas em R$ 2,4 milhões para cada um, de priorizar recursos para as comunidades negras do Estado? Às vésperas de um ano eleitoral, o orçamento é o maior da história do Estado e as emendas também são bem “gordinhas”.

Se educação, saúde, assistência básica e obras são prioridades para o governo, a falta destes quesitos são mais importantes ainda e merecem mais atenção e desempenho do poder público. Os municípios estão numa situação difícil com a queda do Fundo de Participação imagine nossos quilombolas que se apóiam apenas nas políticas do governo federal para vencer as dificuldades cotidianas como falta de saneamento básico.Me lembro quando em abril desse ano,o menino Ronaldinho de apenas 11 anos de uma de nossas comunidades ganhou uma cadeira de rodas, depois de todo esse tempo sendo puxado num carrinho de mão. Se falta uma cadeira de roda imagina o resto!

Temos no Tocantins, como aponta a Fundação Palmares, o segundo caso de uma menina quilombola com síndrome de Down...infelizmente a pequena Daiane ainda espera, lá em sua comunidade para que o governo preste a atenção básica de saúde que ela merece.
Um assessor parlamentar de um dos deputados me ligou dizendo que sugeriu a um dos representantes da região sudeste do Estado que ele destinasse uma quantia para a construção de um posto de saúde na comunidade quilombola de Laginha em porto Alegre do Tocantins. Quem é esse cidadão eu não sei nem quero saber, mas a resposta dele me intrigou. “Quilombola não dá voto ano que vem”, disse.

Vamos ver se o nobre deputado está correto em sua afirmação quando este mesmo procurar os lideres comunitários dos quilombos para pedir o sagrado voto. Os quilombolas existem e também votam, tem direitos e deveres perante ao Estado. Pena que nossos parlamentares esqueceram disso. O Estado vende a cultura dos quilombolas, usa a imagem das artesãs dos quilombos para mostrar a “riqueza da arte”,mas na hora de valorizar....falta a iniciativa.