sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Um Canto para a Liberdade
Por Maximiano Bezerra*
O Tocantins é um dos quatro Estados integrantes do chamado ciclo do ouro ocorrido nos séculos XVll e XVlll e que portanto teve a sua origem e desenvolvimento na exploração da mão de obra escrava africana.
Segundo o censo do IBGE ano 2000, cerca de 75% da população do Tocantins se declara como negra, portanto a maioria absoluta. Entretanto, esse percentual ainda não foi suficiente para que essa população seja contemplada nos organogramas das instituições de Educação, de Cultura, de juventude e de turismo, nem pública e nem privada.
Em se tratando da lei 10.639/2003, O Tocantins é o único no território nacional que não possui em nenhuma de suas secretarias de educação uma diretoria, coordenação, ou correlato que cuida da implantação e implementação dessa lei.
Para que possamos entender a importância dessa lei, ela foi uma das primeiras que o presidente Lula criou logo que se tornou presidente. Uma lei que tem o propósito de evidenciar uma parte importante da História do Brasil que por séculos foi negada, a História dos afrodescendentes que contribuíram diretamente para o desenvolvimento de nossa nação em todos os aspectos e que por questões óbvias até o momento não foi se quer inserida no currículo escolar.
Uma lei que põe em evidencia a discussão contra o racismo no ambiente escolar; uma lei que proporciona ao aluno negro e não negro a oportunidade de conhecer a contribuição da História africana na formação de nosso povo.
A não efetivação dessa lei como política de governo envergonha e exclui milhares de alunos negros que hoje povoam as salas de aulas das instituições de ensino do Tocantins do acesso à sua História, sociedade e cultura.
Negar a contribuição da população negra na História do Tocantins é supervalorizar a História de apenas cerca de vinte por cento da população.
A finalidade desse texto é manter viva a História dos milhares de negras e negros vieram para o Tocantins no período mais inóspito de nossa História e aqui deram suas vidas literalmente para construir as riquezas que hoje usufruímos.
É para que o grande sonho da liberdade pelos quais tanto lutaram não emudeça.
E quando o grande dia da esperança chegar a cada lar e em cada coração encontrar uma porta aberta haveremos de celebrar aquele que será o grande dia que entrará para História como o maior canto que a humanidade pode entoar...
Nesse dia o povo negro cessará a sua marcha em favor de cotas, ou de políticas afirmativas;
Nesse dia o povo negro iniciará uma dança infinita;
Nesse dia o povo negro sentirá orgulho do seu trabalho e da sua cultura;
Nesse dia gritaremos com alegria o grito que nossos antepassados não conseguiram proferir... Viva a liberdade! Viva a liberdade!! Viva a liberdade!!!.
(Maximiano é historiador,presidente do Fórum Estadual de Educação e Cultura Afro-Brasileira do Tocantins,poeta e escritor)
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