segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Até onde vai a falta de informação e respeito às religiões de matriz africana?




Por Maria José Cotrim

Desde que a escravidão assolou o solo brasileiro que existem coisas tidas como “de preto”. As coisas negativas SÃO TIDAS como algo negro e obscuro. Essa mania social é oriunda da falta de conhecimento sobre os aspectos culturais que envolve o negro. Hoje escrevo revoltada com um email que recebi.

A REDE RELIGIOSA DE MATRIZ AFRICANA DO SUBÚRBIO da Bahia está fazendo um protesto contra a intolerância religiosa. Um menino de Salvador foi encontrado com agulhas por todo o corpo e a culpa foi atribuída ás religiões de matriz africana, especificadamente à uma mãe de santo. O caso impressionante corre o mundo e mais uma vez a falta de conhecimento fala mais alto e mostra a ignorância acerca de um aspecto tão importante para a vida em sociedade que é a religião.

Não exitam em desrespeitar quando precisam encontrar um culpado.Minha mensagem hoje é de respeito aos que preservam a cultura africana ligada à ancestralidade religiosa. Aprendi que um dos fundamentos do jornalismo é a apuração e quando se divulga uma acusação sem nem saber os fundamentos básicos você informa milhões de pessoas e prejudica outras.

O manifesto traz à tona a discussão sobre a intolerância religiosa em nosso país e principalmente na Bahia onde temos vários praticantes das religiões de matriz africana. “Não há em nenhuma das nações religiosas, de culto a ancestralidade africana ritual, de qualquer objetivo, envolvendo sacrifício de vida humana, seja qual for a faixa etária, muito menos haveria da infantil, que é por nós tão respeitada”, esse esclarecimento está no manifesto e deve ser propagado em todos os lugares, principalmente na escola, onde desde 2005 é obrigatória estudar a cultura negra na sala de aula.

Semana passada houve um assassinato em São Paulo onde a mulher foi encontrada com uma vela na boca e tentaram novamente atribuir á questão religiosa, mais uma vez sem conhecimento. A idéia pronta e acabada de que as religiões de matriz sacrificam vidas é um desrespeito não só aos praticantes mas á memória do povo africano e de nossos ancestrais.As formas de falta de respeito se manifestam de várias formas em nosso país e as formas de opressão á cultura negra se inovam. Repugno essa atitude e Conclamo pela responsabilidade social em divulgar notícias apuradas e com conhecimento de causa.

Nesse momento em que o povo de santo conclama a sociedade torço para que o governo enxergue a necessidade das políticas contra a Intolerãncia religiosa para que a crença e fé na ancestralidade seja preservada na segunda Àfrica do mundo: nosso Brasil.

Um comentário:

  1. Sua fala vem de encontro com a indignação de muitas pessoas que não tem os meios de dialogar sobre o assunto.
    E é com essa atitude que podemos chamar a atençao de muitos pela a falta de respeito e conhecimento sobre as religiões de matrizes africanas ou africanas.
    A escola é o espaço "coletivo" onde podemos debater assuntos referente à religiosidade.
    Mas é pouco discutido nas escolas, pois a maioria dos professores "acreditam" que não há importância e enquanto pensam assim, muitas pessoas são discriminadas por sua religião.
    Pabenizo-a.
    André Luiz...GRUCONTO/ABENAF

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