sábado, 12 de junho de 2010

Marina diz: "Sou mulher e negra"...E DAÍ?




Por Maria José Cotrim


A senadora do Acre, Marina Silva assim como os outros presidenciáveis homologou sua candidatura à presidência da República. Algo me chamou atenção no discurso de mais de uma hora que a candidata do PV fez na convenção.

“Serei a primeira presidente mulher e negra desse país a partir do dia 1º de janeiro de 2011”, disse ela. A frase é forte. Imagino que poucos analisavam o perfil da candidata desta forma. Como uma mulher negra.

Marina vem para a disputa com 8% de preferência do eleitorado e quer imprimir a marca da luta das mulheres e também da participação do negro na política brasileira. A bandeira da mulher a Dilma tem também. A do negro, Marina pretende levantar sozinha.

Qual a participação do negro na política no Brasil onde somos maioria da população? Para muitos cientistas políticos essa não é a maneira correta de analisar. Quando falo em inclusão na política é para provocar a participação dos movimentos populares e das entidades do movimento negro nesse eixo.

O foco não é na quantidade mas na fortaleza e abrangência da temática da Igualdade Racial. Vamos pelo Tocantins: Quantas emendas parlamentares foram destinadas para ações e projetos do movimento negro e da sociedade civil? E para a melhoria da Infra-estrutura das comunidades quilombolas? Nenhuma.

A “Falha nossa” veio de quem? De todas as partes envolvidas! Quantos deputados já usaram a tribuna da Assembleia Legislativa ou apresentaram projetos de lei que foram aprovados em prol da Igualdade Racial no Estado e incentivando a implantação das políticas públicas?

Vi a assessoria de imprensa da deputada estadual do PT, Solange Duailibe, encaminhar release onde a parlamentar defende veemente a obrigatoriedade, como estipulado em lei, do ensino da cultura afro nas escolas tocantinenses. Vi o presidente da Assembleia legislativa, Júnior Coimbra (PMDB) falar em poucas palavras durante o evento no dia da Consciência negra a um grupo de militantes que a “Assembleia Legislativa está à disposição”.

Mas muita coisa ainda não vi nesse Estado. E é a através da representação qualitativa nessas eleições de outubro que tudo pode mudar. Barack Obama é o símbolo da ascensão social política do negro, a prova de que a abertura desses novos tempos ultrapassa o colonialismo político.Quer Marina então pegar carona nessa onda? Há quem acredite que sim...

Aqui no Brasil quando teremos esse marco? Presidencialmente falando, quando? O apresentador de TV, Netinho de Paulo é pré-candidato ao Senado, o ex-ministro da Igualdade Racial Edson Santos são ícones que buscam essa representação étnico-racial forte na política contando com os votos das lideranças do movimento.

Mas e a profundidade? A abrangência da temática sendo pautada pelos parlamentares desse país? Falta isso e é possível perceber sem muito esforço basta acompanhar o processo demorado para a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial.

A Marina assumir sua identidade étnico-racial na sua caminhada política abrirá a mente de muitas pessoas. Basta ver o que ela traz de propostas concretas anexadas à essa temática no seu discurso.

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