segunda-feira, 27 de abril de 2009

A culpa é da televisão!


Maria José Cotrim

A globalização traz as tecnologias da comunicação e informação, que vêm agilizar dinamizar e facilitar o processo comunicacional. Mas eu hei de concordar com minha querida professora Valdirene Cássia que ainda vivemos o fenômeno de exclusão sócio-digital. Falta muita gente ainda ser incluída neste processo.
O acesso à essas tecnologias ainda é limitado, como quase tudo neste país. Sinto muito pelas pessoas mal informadas que insistem em cultivar o preconceito, mas não posso perder a oportunidade de, chama-las de retrógradas e alienadas. Vivem na ilha da fantasia como diz o ex-candidato a prefeito de Palmas Getúlio.

Na manhã desta segunda, uma senhora muito simpática por sinal, me achou bonitinha. Minha auto-estima por alguns minutos foi ao ápice. Nossa, mas como você é uma negra lindinha... dizia ela. Retribui com um sorriso amarelo de fome. De repente, avisto de longe meu amigo Dante e esta simpática senhora deixa a máscara cair. “Mas que cabelo hem?,tem uns negão que só usa esses cabelo, deve ser dos lados da Bahia, isso fede que nem gambá. Deve que nem toma banho, num é?”

Comentário infeliz coitada! Esqueceu por alguns instantes da minha cor. Como esperado, pois Dante é um poço de educação, ele se aproxima e diz Oi amiga ah quanto tempo! A senhora ficou primeiro vermelha, depois roxinha que nem berinjela. E como se tivesse sido planejado ele ainda pergunta se eu gostei de seu novo visual.

Dona Vilma me surpreendeu então. Prontamente respondeu: Ficou na moda! tá lindinho. Como faz pra lavar? indagou ela. Ele diz Uai normal! Passaram-se vinte minutos de conversa e aqueles dois não se cansaram, o papo tava da hora! Dante então se despediu e Dona Vilma disse: Uma gracinha esse rapaz. Ah e o rastafare lava sim, esse povo da televisão é que fica colocando coisa na cabeça da gente. E ele nem é da Bahia, essa moda já chegou aqui no Tocantins. Você acredita?

Não sou psicóloga para entender o comportamento daquela senhora, mas numa análise comportamental mas por trás dos “inhos” e “inhas” que ela adjetivava tem muito preconceito adormecido. É Getúlio, sua tese não está por completo errada, tem si muitos habitantes na ilha da fantasia . Ela acha que sou besta de acreditar que a culpa de tanto preconceito é da televisão. Ela mesma me deu subsídios necessários para ter certeza que ela não está tão gagá a ponto de se deixar levar pela televisão.

O problema é o preconceito mesmo.E na illha que ela vive todo mundo é assim. Se esconde atrás de alguma coisa pra justificar o preconceito. Mas a máscara sempre cai e isso não é a televisão que ensina.

Um comentário:

  1. Hilária essa história. Lembra da propaganda da TV "onde você guarda seu preconceito?" Enquanto o discurso da senhora antes de falar e depois com o rapaz mostra como as pessoas são hipócritas e dissimuladas. Maria José, se coloca como um tipo de platéia, neste cenário não teatral, muito real. Ainda bem, que a Jornalista estava lá para escrever no blog.
    Besos.

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