sábado, 21 de agosto de 2010

Meu cabelo duro é assim: cabelo duro de pixaim!



Por Maria José Cotrim

Realidade em Palmas: falta de preparo das profissionais de beleza para cuidarem dos cabelos afros.

“Você podia fazer uma escova progressiva, ou uma escova de chocolate ou uma escova de...”, esse é o discurso predominante dos salões de beleza da capital das arnos até Taquaralto.

Com o discurso de que a moda é cabelos lisos e coisa e tal as profissionais vão esquecendo de se abrir para o novo.

Outras têm ainda a estratégia de literalmente desqualificar o seu cabelo para oferecer qualquer tratamento que vá no final das contas deixá-lo liso.

Pedi para uma cabeleleira essa semana uma indicação para fazer um permanente afro. Com o discurso pronto e acabado na ponta da língua ela foi soltando sua lábia com uma argumentação fajuta.

Aí entramos justamente na identidade étnico-racial, tema que me aprofundei um pouco. E se a pessoa quiser cuidar dos cabelos crespos? Fazer uma trança? Um rasta com cores variadas?

Penteado afro então...nem pensar! Muitas que já procurei são sinceras: “Você não vai encontrar em Palmas quem mexa com isso”, ouvi essa semana.

Ah, sim então falta mesmo o interesse pela qualificação nessa área! Tudo isso engloba também falta de informação de algumas profissionais. Umas colocam até o nome do salão voltado para a temática da diversidade mas variar as opções ainda não faz parte dos estabelecimentos.

E outra coisa: se seu cabelo é Black Power muitas cabeleireiras vão com certeza tentar convencê-las a alisá-lo.

Cabelo é um elemento da identidade de cada um, que assim como qualquer outro aspecto deve ser moldado de acordo com a opção da pessoa.E nos salões de beleza isso precisa começar a se tornar uma opção para as clientes.

A amiga Andréia Marques, jornalista e dona de um visual encantador marcou sua passagem profissional em Palmas por sua característica étnico-racial. Um dia ela me contou que para cuidar do cabelo tinha que recorrer em São Paulo, sua terra natal.

Usar um cabelo afro não é apenas acordar e ter a opção de não penteá-lo. Exige todo cuidado e tratamento como qualquer outro tipo.Em muitos salões estão expostos posters com modelos negras com cabelos afros mas na prática tudo é diferente.

Com tipos tão "diferentes" hoje é preciso acordar para esse comodismo!Ignorar a tendência do Afro? Jamais...para uma capital formada por tantos migrantes.

Se sua opção é como a minha, a de um cabelo natural e crespo bem cuidado, infelizmente aviso que terá que buscar informações e tratamento em outro local. Uma pena!

6 comentários:

  1. Pois é amiga, tudo isto e a pura realidade, somente nos grandes centros encontramos salões e pessoas especializadas.

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  2. E até mesmo nos grandes centros ainda existe uma grande dificuldade, e olha que estou falando de Rio de Janeiro! Até quando?!

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  3. Este tema é importante.
    Sugiro as leituras de Nilma Lino Gomes, em Minas, e Angela Figueredo,, Bahia. No google é fácil achar.
    A minha dissertação de mestrado tem uma discussão sobre a profissão de secretariado executivo: http://www.pospsi.ufba.br/Altair_Paim.pdf
    Aqui em Salvador, há um progressivo aumento da utilização de alternativa ao alisamento, como mega-hair, tranças entre outros

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  4. resumindo cabelo pixaim e uma bosta memo

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  5. Não idiota ai de cima. Resumindo: Cabelo "pixaim" (termo pejorativo) é menosprezado, e sofre preconceito na sociedade! Seu preconceituoso de merda!

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  6. O pior de tudo não é isto não, o pior é quando o próprio negro é preconceituoso com relação a outro. Aconteceu comigo e da pior forma possível, tenho os cabelos crespos, os uso relaxado (pois ainda pequena minha mãe os relaxou), eles estavam batendo nos ombros, com a minha gravidez os meus cabelos cresceram que estavam quase batendo (sem mentira) na cintura, recebia só elogios e até alguns engraçadinhos perguntando se era alongamento até que o meu marido (negro tb) virou para mim e disse que eu estava querendo imitar mulher branca. Pode? Depois disto o meu emocional ficou tão abalado que os meus cabelos começaram a cair... hoje estou ainda tão ofendida que quase não os escovo mais... sem palavras...

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