quarta-feira, 17 de junho de 2009

Não ao diploma: Censura escancarada ao Jornalismo!


Manifestação do Sindicato dos Jornalistas do Tocantins

Maria José Cotrim*


Indignada! È assim que me sinto com a decisão do Supremo Tribunal Federal que extingiu o diploma para o exercício da profissão de jornalista. Por oito a um vi, uma profissão tão polêmica ser reduzida por causa da “liberdade de expressão”. Para mim, neste país quando não se tem argumento: apela-se para a liberdade de expressão!

Ouvi ministros dizerem que Jornalista não oferece perigo para a sociedade. Pergunte então á alguém que teve sua imagem destruída por um veículo sensacionalista, ou um cidadão que perdeu uma prova de concurso por um horário divulgado errado na mídia!

Como dizer não ao diploma?Para mim, ele continua tendo o mesmo valor. E, não conformada com a graduação busco ainda a pós e mestrado. Porque é um absurdo ignorar que a sala de aula pode sim formar bons profissionais.Imagino eu que não esperavam que fizéssemos voto de silêncio diante desta possibilidade sem fundamento. Justo nós, os curiosos de plantão!

O diploma representa mais que um papel com uma declaração e algumas assinaturas, o valor agregado á ele traduz toda uma experiência acadêmica, um aproveitamento didático e principalmente o esforço e dedicação que durante quatro anos ou mais faz parte de nossa vida.

Saindo da parte melódica e sendo mais argumentativa: O diploma representa que somos cidadãos mais bem formados criticamente para prestar um serviço de qualidade á altura do que a sociedade precisa. È um símbolo que agregado á competência de cada um faz sim a diferença.

Desde o primeiro semestre da faculdade somos apresentados ao casal: teoria e prática. Toda profissão precisa da harmonia deste casamento para desempenhar sua função social. Além disso, o diploma não é um troféu, pode até ser exibido, mas não atesta competência, esta se constrói!

Conheço muitos colegas que depois de anos de profissão concluem de fato o curso e outros que ainda nem começaram. Dizer sim ao diploma é estimular estes profissionais á entrarem no curso e buscar o aperfeiçoamento. Eles, na sala de aula, contribuem de forma positiva e somam muito nas discussões e no ambiente acadêmico, pois compartilham as experiências das redações. Afinal, o aprender é uma atividade constante e todos, não importa profissão ou idade, estão nesse processo.

Grandes jornalistas fizeram história e nem precisaram de diploma para isso. È o caso de minha ex-colega e grande amiga, jornalista Roberta Tum que pela dedicação total à atividade jornalística concluiu o curso depois de 20 anos de profissão. A trajetória de sucesso veio mesmo sem diploma!

Quanto ao argumento de que o diploma tira a liberdade de expressão das pessoas? Que nada! Eles sabem bem o que realmente tira essa tal liberdade: a censura! aquela do período da ditadura e que ainda vive entre nós. Dizer não ao diploma é renunciar o esforço do governo federal para garantir o ensino superior aos jovens brasileiros.

È derrubar os sonhos de muitos jovens que sonham com a profissão e que querem e precisam passar pela universidade para estarem prontos. Esquecer o diploma é reconhecer que o Brasil ainda precisa avançar muito em políticas públicas na Educação. È ignorar a importância das teorias da comunicação, de aprender sobre gestão da comunicação integrada, de conhecer a história da imprensa no Brasil, de aperfeiçoar seus conhecimentos na área.

Não precisar de diploma é deixar a área da comunicação sem pesquisas científicas. Deixar o jornalismo sem um legado científico. Sim, porque é na busca pelo diploma que desenvolvemos pesquisas na área e neste processo, conhecemos autores e escrevemos melhor.

Dizer tchau ao canudo é dizer que não precisamos dos profissionais de docência do ensino superior, nossos professores que se dedicam exclusivamente á atividade acadêmica. Que se atualizam todos os dias para nos propiciar mais e mais conhecimento.

A aprovação do Recurso Extraordinário (RE) nº 511961, que questiona a constitucionalidade da exigência do diploma em Jornalismo como requisito para o exercício da profissão é uma grande prova de que o Brasil, assim como no período militar, continua com as formas de censura contra o Jornalismo. Mas não me deixa menos animada, pois o aprendizado é sim a chave para o conhecimento.

Exigir o diploma é dar mais segurança para a sociedade. Fazer com que esta se orgulhe dos profissionais da comunicação, com que admirem e valorizem mais nosso trabalho. E assim, espera-se que profissionais formados e diplomados levem notícias com mais responsabilidade. Eu acredito nisso e 75% da sociedade brasileira também. Pena que os ministros não levaram isso em conta.

Maria José Cotrim é jornalista e articulista do Negro em Debate

7 comentários:

  1. É ISSO AÍ NEGRA JORNALISTA! VC SEMPRE REINVINDICA ASSUNTOS DE UMA FORMA DIFERENTE E QUE CATIVA...PARABÉSN!!

    ResponderExcluir
  2. Nossa maiga Parabéns pelo texto.... vc nasceu pra escrever!! Parabéns mesmo!!

    ResponderExcluir
  3. Muito bem negra bela argumentação!

    ResponderExcluir
  4. pensa na mulher- vc tem que estar no Jornal Nacional és a jornalista mais inteligente e linda que eu conheço Parabésn!!!!!!!

    ResponderExcluir
  5. Arrebentou ta certinha!!! vc tinha que tá lá na votação pra falar toda essa argumentação pros ministros....

    ResponderExcluir
  6. Tem que publicar esse artigo no Jornal do Tocantins - ficou perfeito- mostra todos os lados da moeda1!

    ResponderExcluir
  7. Jornalistas competentes commo vc não se afetam com isso, mas pra profissão realmente é um retrocesso...Beijos Linda!! adorei o novo layout!!

    ResponderExcluir