terça-feira, 28 de julho de 2009

Mídia, esporte e solidariedade: a mistura que deu certo!



Maria JOsé Cotrim

No domingo passado os milhões de televisores do Brasil estavam com certeza ligados no Esporte Espetacular. Durante doze minutos podemos ver a miséria e superação do povo africano do Haiti. A falta de água, as condições sub-humanas de sobrevivência... As gangs, responsáveis pelo alto índice de mortalidade no país, ao invés de armas seguravam uma bola.... Juntos, superaram as diferenças grupais e viram no futebol uma nova perspectiva de vida.

Bem me lembro quando o repórter, que ao invés de fazer uma passagem fez sete, mostrou a emoção daquele povo quando jogadores brasileiros visitaram o país e levaram alimentos. Zagalo não pôde falar muito, as lágrimas não deixaram. O sofrimento do povo africano passando no horário nobre com certeza fez com que muitos pensassem nas diferenças e desigualdades sociais.

Mas o pior estava por vim quando o repórter mostrou o alimento que vem matando a fome de muitas famílias inclusive crianças. BOLO DE TERRA!. Feito com terra vermelha, água e manteiga os biscoitos na falta do alimento consistente é o que ameniza a situação. A situação nos convida a repensar não só como temos nos alimentado ultimamente, mas também quanto o nosso povo africano sofre com o descaso da autoridades e ausência de políticas públicas e assistencialismo.

Quando a assistente social mostrou a estratégia de sobrevivência quis desligar ou mudar o canal. Os filhos mais fracos são deixados para morrer para que o pouco alimento disponível seja distribuído para os que têm mais chances de sobreviver. Essa é a realidade! A reportagem mostrou ainda várias senhoras que desesperadamente apelavam por um prato de comida. “Só quero puder comer, antes de morrer!”.

Enquanto tantas outras questões sociais afligem nosso país, os irmãos africanos querem apenas comida. No final, um show de jornalismo social e comunitário.Ao invés do bolo de terra, uma pequena criança recebeu um chocolate. “Agora ela vai se lambuzar com chocolate”, terminou o repórter. Quando a mídia quer, ela faz, ela vai atrás, nos lugares mais longíquos, trazer a notícia, a informação... denunciar! Dar a contribuição para um mundo mais justo.

Saindo deste discurso melódico...temos uma função maior do que explorar o sentimento alheio para ganhar ibope.Quando me perguntaram num tom de crítica a um tempo atrás o que jornalista faz lhe disse : Levamos a informação. Tenho orgulho de ser jornalista e lutarei sempre para que nossos veículos abordem com responsabilidade as questões sociais, pois assim podemos estimular a mudança.

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