sexta-feira, 23 de outubro de 2009
NÓS E A HELENA DE TAÍS ARAÚJO
Maria José Cotrim
Num ambiente favorável a Rede Globo de televisão começa uma novela exibindo a atriz consagradíssima, Taís Araújo como protagonista. E não uma protagonista qualquer: uma Helena de Manuel Carlos! A Globo enaltece esse detalhe para reforçar a impressão de que a emissora está preocupada com uma maior e melhor representatividade dos negros na mídia.
Num momento em que o São Paulo Fashion Week teve que, por força da justiça, instituir cotas para modelos negras nas passarelas, devido á falta de representação da beleza negra no evento, a Globo dá uma cartada, veste a camisa da igualdade e coloca em rede nacional Taís como a modelo mais famosa e bonita do Brasil. Ponto positivo para nós, críticos da mídia. Mas é preciso analisar o que está por trás dessa mensagem que parece tão positiva.
Nas passarelas onde Helena se exibe na trama não se vê outra modelo negra. Ela apenas é o destaque. Quando reparo isso esqueço da audiência recorde e da abordagem positiva no personagem e me lembro da polêmica das cotas nas passarelas. Um fashionista declarou que as cotas podem afetar o psicológico das modelos e sustentar um sentimento de “insegurança” com relação ao talento delas. Mas o fato é que o alcance da mídia e desse personagem de Taís pode sim influenciar muito numa mudança positiva nas passarelas brasileiras.Com certeza essa é uma Helena diferente das outras pelo valor social agregado á personagem, num país ainda rumo á uma comunicação mais acessível.
Na teledramaturgia também! Taís já é carimbada como referência: Aos 17 foi Chica da Silva, depois em 2004, “Preta” em Da Cor do Pecado. Temos sim que encarar como um fato que nos leva a uma reflexão positiva, mas é importante ficarmos de olho na reprodução dos estereótipos “tatuados” na imagem do negro. A abordagem negativa ainda faz parte do contingente midiático.
Vi a Taís Araújo sendo chamada de “Musa da Igualdade Racial” numa revista famosa. Deu orgulho, mas temos que ficar de olhos abertos nas tentativas de “falsa democracia racial” nos veículos. Têm empresas que querem pegar uma carona no atual cenário favorável a falar do assunto para abraçar a causa de maneira “superficial” e sair de “boazinha” e “racialmente correta”. Como diz Muniz Sodré, “Comunicação é um instrumento de poder”, e poder está concentrado nas mãos de poucos.
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POIS É EU ACHO ESTA AVALIAÇÃO POR PARTE DE VCS QUE SÃO MAIS JOVENS BASTANTE PERTINENTE, MESMO PORQUE ACHEI MUITO ESTRANHO UMA DECLARAÇÃO QUE A *ATRIZ* DEU NA PRÓPRIA GLOBO *QUE QUANDO RECEBEU O CROQUIZ DO SEU PAPEL, NÃO ESTAVA ESCRITO QUE *O PERSONAGEM ERA UMA NEGRA QUE NÃO HAVIA NENHUMA REFERÊNCIA A RAÇA* rsssss ACHO ISSO MUITO ESTRANHO PORQUE SE O AUTOR ESTAVA MONTANDO UMA *FAMILIA NEGRA* COMO É QUE ISSO NÃO CONSTAVA DO CROQUIS QUE A CONVOCOU PARA O PAPEL????? SINCERAMENTE ISTO NÃO ENCAIXA EM ALGUÉM QUE QUEIRA REALMENTE DEFENDER UM PAPEL COM UMA POSIÇÃO SOCIAL IDENTIFICADA. DA MINHA PARTE ME ACHEI BASTANTE INCOMODADA COM A MANEIRA E GESTOS ATÉ MEIO DESPOJADOS PITORESCOS COM QUE A MENINA COLOCOU A QUESTÃO RACIAL NA SUA PARTICIPAÇÃO NA NOVELA.E CONSIDERANDO JÁ O PRIMEIRO PARÁGRAFO DO SEU ARTIGO SOBRE A INTENÇÃO DO AUTOR DE COLOCÁR O PERSONAGEM EM UM NÍVEL CONSIDERÁVEL E TAMBÉM QUE O ENREDO REALMENTE ATÉ A LEVA PARA UMA DIMENSÃO MAIOR "MOSTRANDO O LADO ILUSÓRIO E FANTASIOSO DA CARREIRA PARA QUALQUER PESSOA NA PROFISSÃO MODELO" ACHO QUE SERIA O MOMENTO DA MOÇA TER UMA POSIÇÃO MUITO FIRME COM RELAÇÃO A SUA IDENTIDADE. rsss ***MAS ENFIM NÉ? COMO GENTE VELHA É MEIO IMPERTINENTE kkk*** ABRÇS NEUZA MARIA,63 Araras - SP
ResponderExcluirQUERIDA,SUAS RESSALVAS SÃO IMPORTANTES COM RELAÇÃO Á POSTURA DA TAÍS AO DEFENDER PERSONAGEM.BEIJOS...
ResponderExcluirInicio expondo congratulações à iniciativa deste blog. Altíssima qualidade e requinte negro. Sobre o tema... super complexo, assim como é complexa a questão racial no brasil. A democracia brasileira com suas políticas universalizantes foi incapaz de diminuir o abismo social que separa brancos e não-brancos. Ao contrário, o ideário da democracia racial, das relações paternais e conciliatórias e da égide da miscigenação - apadrinhado por Gilberto Freire, contribuiu para a escamoteação do debate racial. E não por acaso - uma vez que, ao adotar a democracia racial como elemento fundamental das relações sociais num país de herança escravocrata tão peculiar, anula-se a leitura de conflito de classe presentes na gênese da formação da sociedade brasileira: senhor branco versus escrava/o negra/o. A Rede globo de televisão, acompanhada de suas primas de menor calibre e toda a grande midia são propulsores deste pensamento. Esse poder ao qual a Sra. Cotrim se refere é muitíssimo bem utilizado quando faz uso de nós próprios/as para o fortalecimento dos estereótipos. Infelizmente nossa querida atriz negra não foge a essa regra. E nisso, tenho pleno acordo com a Sra. Neuza Maria. Convido todas e todos a visitarem também meus espaços na net: http://feirapreta.ning.com/profile/douglaseliasbelchior
ResponderExcluirwww.negrobelchior.blogspot.com
Um abraço negro a todos/as vocês!
Axé.
pow nen sei o que to fazendo aqui
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