
Por Maria José Cotrim
Nesta semana um ato desmedido e sem noção por parte do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ari Pargendler nos traz uma reflexão em torno da temática da igualdade Racial.
O que esperar de um senhor que tem um cargo tão importante mas tão destemperado emocionalmente? O estudante Marco Paulo dos Santos, 24 anos, foi demitido na fila de um caixa eletrônico pelo “senhor da Justiça”.Marco estava aguardando e foi surpreendido pela reação do senhor ministro.
Usou a autoridade à frente do STJ e foi categórico: “Sou Ari Pargendler, presidente do STJ, e você está demitido, está fora daqui”. Motivos? Ele estava irritado o bastante e precisava descontar em alguém.
O mais interessante dessa história é que caberá ao Supremo Tribunal Federal analisar esse caso de “violência gratuita” como denominou Fabiane, uma das testemunhas do episódio lamentável já que a polícia civil não tem competência para tratar do assunto. Pargendler tem foro provilegiado porque é ministro mas terá que se explicar sobre a acusação de “injúria real”.
A carta de dispensa do estudante de administração em questão estava em cima da mesa do chefe do setor onde ele trabalhava uma hora depois do fato ocorrido.
O que chama atenção além da atitude do “senhor da justiça” foi a postura de Marcos que é filho de mãe brasileira e pai africano. O caso tomou dimensões a partir do momento que o estagiário registrou um Boletim de ocorrência relatando o fato.
O caso expõe as vísceras do preconceito velado ainda em tempos de reparação social em nosso país. Alguns veículos pautaram o assunto que com certeza traz impacto com relação à postura do presidente em questão.
"Ele [Ari Pargendler] ficou olhando para o lado e para o outro e começou a gritar com o rapaz. Avançou sobre ele e puxou várias vezes o crachá que ele carregava no pescoço. E disse: "Você já era! Você já era! Você já era!”, foi o que disse uma testemunha ao Blog do Noblat ao relatar o fato.
A "overdose de hegemonia" ocorreu dentro no STJ mas já ganhou repercussão popular e inclusive nas várias entidades de movimento. Vamos aguardar a explicação do “senhor da justiça”...
Se nem as principais autoridades desse país têm noções mínimas e básicas de respeito veja lá grande parte da população.
E aos que andam gritando aos quatro ventos que não existe preconceito: expor qualquer pessoa não importa o cargo ou grau de instrução à situação de constrangimento como o acontecido é sim discriminação. Merece sim punição com certeza.A punição é um dos pilares para a luta da Igualdade Racial em nosso país.